Bases aéreas dos EUA no Pacífico podem ser alvos fáceis para mísseis da China, diz relatório

Pesquisadores destacam a necessidade de um reforço imediato na infraestrutura militar frente ao avanço estratégico e bélico de Beijing

Um novo relatório divulgado pelo think tank Hudson Institute revelou preocupações críticas sobre a vulnerabilidade das bases aéreas militares dos Estados Unidos no Pacífico Ocidental, diante do avanço estratégico e militar da China. O documento aponta que os EUA precisam expandir e reforçar suas infraestruturas para enfrentar ameaças crescentes de ataques coordenados e de alta precisão por parte das forças chinesas. As informações são da Newsweek.

O relatório detalha que as doutrinas militares chinesas recomendam ataques surpresa como método para conquistar superioridade aérea. Esses ataques, realizados com mísseis balísticos e de cruzeiro, poderiam paralisar a força aérea inimiga antes mesmo de os aviões decolarem, o que daria à China uma vantagem estratégica decisiva. O estudo alerta que Beijing tem investido intensamente no desenvolvimento das capacidades necessárias para executar ofensivas desse tipo.

“As bases militares americanas desprotegidas são altamente vulneráveis a ataques precisos, mesmo que limitados em escala. Apenas 10 mísseis poderiam neutralizar aeronaves e estoques de combustível em locais críticos, como a base de Iwakuni, no Japão”, diz o relatório.

Base de Iwakuni, no Japão (Foto: WikiCommons)
Expansão militar chinesa

Nos últimos anos, a China intensificou sua preparação para possíveis conflitos, promovendo uma verdadeira transformação em sua infraestrutura de defesa aérea. O número de abrigos reforçados para aeronaves, projetados para resistir a ataques diretos, dobrou no país, alcançando mais de 800 unidades. Além disso, outros 2.300 abrigos não reforçados também foram construídos, distribuídos em 134 bases aéreas.

Em comparação, os Estados Unidos adicionaram apenas dois abrigos reforçados e 41 não reforçados na região do Pacífico nos últimos anos, excluindo as bases na Coreia do Sul. Isso deixa as forças norte-americanas em clara desvantagem estrutural, com sua capacidade operacional na região reduzida a apenas um terço da capacidade chinesa. Sem as bases na Coreia do Sul e nas Filipinas, essa proporção cai ainda mais, para 15%.

Capacidade de mísseis e exercícios militares

Outro ponto preocupante levantado pelo estudo é o aumento do arsenal de mísseis da China. Segundo o relatório, o número de mísseis balísticos de médio alcance (MRBMs) do país cresceu em 300 unidades em apenas um ano. Esses armamentos têm um alcance que varia de mil a três mil quilômetros, cobrindo toda a chamada “primeira cadeia de ilhas”, que inclui Taiwan, Filipinas e Japão.

Além disso, a Força de Foguetes do Exército de Libertação Popular, divisão militar chinesa responsável por operações de mísseis, vem conduzindo exercícios frequentes de ataques simulados contra campos de aviação, bunkers e navios, aprimorando sua prontidão para situações de conflito real.

EUA na defensiva

As bases militares norte-americanas no Pacífico, que incluem instalações em Okinawa e Guam, são cruciais para operações de contraintervenção na região. No entanto, o relatório ressalta que essas bases estão perigosamente expostas a ataques chineses. A base aérea de Kadena, por exemplo, localizada na ilha japonesa de Okinawa e considerada a mais próxima de Taiwan, está a apenas 600 quilômetros do estreito que separa a ilha de Beijing.

Com o aumento da pressão militar e política da China sobre Taiwan, que Beijing considera parte de seu território, cresce o risco de um confronto direto entre as duas potências. Enquanto os EUA são legalmente obrigados a ajudar na defesa de Taiwan, a China reafirma seu direito de usar a força para reunificar a ilha.

O que vem pela frente

Especialistas recomendam que os Estados Unidos tomem medidas rápidas para aumentar a resiliência de suas infraestruturas militares na região. Entre as sugestões apresentadas pelo Hudson Institute estão a construção de abrigos reforçados para aeronaves, a diversificação de locais de armazenamento de combustível e a melhoria das capacidades ofensivas para atingir alvos estratégicos chineses.

“Os EUA precisam demonstrar que podem não apenas defender suas posições, mas também impor custos significativos a um adversário que tente desafiar sua presença militar no Pacífico”, afirma o relatório.

A expansão da força de mísseis chinesa e o fortalecimento de sua infraestrutura militar continuam a alterar o equilíbrio de poder no Indo-Pacífico, aumentando as tensões entre Washington e Pequim. Com as perspectivas de um conflito armado crescendo, o reforço das bases norte-americanas na região surge como uma prioridade para garantir a segurança dos aliados e a estabilidade global.

Contexto geopolítico

A chamada “primeira cadeia de ilhas”, que abrange Japão, Taiwan e Filipinas, é vista como uma barreira estratégica crucial no contexto de defesa dos EUA contra a China. Essa área é fundamental para limitar a capacidade de projeção de poder de Beijing e proteger interesses norte-americanos e aliados no Pacífico.

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