Brasil celebra escolha como sede da COP30 e vê ‘resultados positivos’ na cúpula de Dubai

Itamaraty exalta 'decisão histórica' em Dubai, mas admite 'lacunas significativas de implementação de compromissos climáticos'

O governo brasileiro fez um balanço positivo da COP28, encerrada na quarta-feira (23) em Dubai. Confirmado como sede da cúpula do clima de 2025, que acontecerá em Belém do Pará, o país destacou os “resultados positivos” e a “decisão histórica” alcançados no evento sediado pelos Emirados Árabes Unidos, conforme comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

“Os resultados positivos da COP28 reforçam o comprometimento global com o multilateralismo, a cooperação internacional e a justiça climática, em momento crítico para a luta contra a mudança do clima”, diz o texto.

O Brasil ainda classificou como “histórico” o fato de que o tema dos combustíveis fósseis foi tratado “pela primeira vez de forma explícita.” E lembrou que foram estabelecidas metas “para a transformação de sistemas energéticos rumo à neutralidade climática até 2050 e ao alcance do objetivo do Acordo de Paris de limitar o aumento de temperatura a 1,5º C em relação a níveis pré-industriais.”

Abertura da COP28, em Dubai: objetivos apenas parcialmente atingidos (Foto: cop28.com)

Entretanto, ambientalistas e nações em desenvolvimento não se mostraram tão satisfeitos quanto o Brasil, vez que o relatório final falou somente em “transição dos combustíveis fósseis”. Trata-se uma de novidade para uma conferência climática da ONU (Organização das Nações Unidas), mas fica aquém do necessário por não citar a “eliminação progressiva” de petróleo, carvão e gás.

Nesse sentido, mesmo as Nações Unidas afirmaram que atingir a meta estabelecida no marco histórico do Acordo de Paris de 2015 “será impossível sem a eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis”, e a conferência de Dubai pecou justamente nesse sentido.

O Itamaraty, em sua manifestação, faz uma única ressalva, ao citar as “lacunas significativas de implementação de compromissos climáticos, principalmente por parte de países desenvolvidos, em termos de esforços passados de cortes de emissões e de obrigações financeiras junto a países em desenvolvimento.”

Outro ponto importante observado pelo Brasil foi a aprovação do Fundo para Perdas e Danos para compensar os países mais vulneráveis ​​aos danos causados ​​pelas alterações climáticas. Tal avaliação, mais uma vez, positiva é foi compartilhada pela ONU, segundo a qual “os compromissos financeiros são muito limitados.”

Com vistas ao evento que ocorrerá em dois anos em Belém do Pará, a COP28 aprovou proposta brasileira para adoção do “Mapa do Caminho para a Missão 1,5″, voltado ao reforço da cooperação internacional e ao estímulo da ambição dos países em seus próximos compromissos a serem apresentados em 2025.”

“Sob a liderança das presidências de Emirados Árabes Unidos (COP28), Azerbaijão (COP29) e Brasil (COP30), a Missão 1.5 será implementada de Dubai a Belém, para o alcance do objetivo de temperatura do 1,5º C, de forma alinhada com o desenvolvimento sustentável e esforços de erradicação da pobreza”, diz o comunicado.

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