Segundo ONG, acordo ‘histórico’ da COP 28 está ‘muito aquém’ das necessidades reais

Anistia Internacional diz que os US$ 420 milhões não são nada perto dos subsídios bilionários no setor de combustíveis fósseis

Durante a abertura da COP28 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi anunciada a criação de um Fundo de Perdas e Danos de US$ 420 milhões para compensar os países mais vulneráveis ​​aos danos causados ​​pelas alterações climáticas. Quanto a ONU (Organização das Nações Unidas) classificou o acordo como “histórico”, a ONG Anistia Internacional afirmou que o valor está “muito aquém do que é realmente necessário.”

“Embora o acordo sobre o funcionamento do Fundo para Perdas e Danos seja um passo bem-vindo após anos de negociações para abordar os enormes danos aos direitos humanos já sofridos por pessoas e comunidades em todo o mundo como resultado do aquecimento global, as promessas de financiamento feitas hoje por alguns países ficam muito aquém do que é realmente necessário”, afirmou Ann Harrison, conselheira para o clima da Anistia.

Segundo ela, seriam necessários bilhões de dólares para fazer “diferença substancial nas comunidades que necessitam desesperadamente de ajuda para reconstruir casas após tempestades, ou para apoiar os agricultores quando as suas colheitas são destruídas, ou aqueles permanentemente deslocados pela crise climática.” Os milhões anunciados, acrescenta, mal bastam para “fazer funcionar o fundo”

Abertura da COP28, em Dubai: acordo milionário para apoiar países vulneráveis (Foto: cop28.com)

O alerta da ONG contrasta com o otimismo das Nações Unidas. O secretário-executivo da entidade para mudanças climáticas, Simon Stiell, disse que “as notícias de hoje sobre perdas e danos dão um começo promissor a esta conferência.” E prosseguiu dizendo que “todos os governos e negociadores” presentes à COP28 “devem aproveitar este impulso para alcançar resultados ambiciosos em Dubai.”

Sede da conferência climática, os Emirados Árabes Unidos serão os principais financiadores do fundo, tendo fornecido US$ 100 milhões. O valor é o mesmo cedido pela Alemanha, enquanto o Reino Unido anunciou US$ 75 milhões.

A criação do fundo é uma antiga exigência das nações em desenvolvimento, que estão entre as principais afetadas pelos efeitos das mudanças climáticas.

Apesar do otimismo inicial, o próprio Stiell admitiu que se trata apenas de um primeiro passo. “Estamos engatinhando e avançando muito lentamente para encontrar as melhores respostas para os complexos impactos climáticos que estamos vendo”, disse ele, que citou os extremos climáticos registrados em 2023 como um sinal de que a questão é prioritária.

De acordo com a conselheira para o clima da Anistia, quem deve puxar a fila na luta contra o problema são os países desenvolvidos, particularmente as “nações produtoras de combustíveis fósseis de elevado rendimento.”

“Considerando os vastos e excessivos lucros acumulados pelas empresas de combustíveis fósseis no ano passado, enquanto continuam a destruir o clima, e que alguns dos estados doadores foram hoje responsáveis ​​por uma grande proporção das emissões históricas de gases com efeito de estufa, esta é uma soma inicial decepcionantemente pequena”, disse Harrisson.

Para ilustrar a irrelevância dos valores, ela citou os US$ 7 bilhões em subsídios que muitos Estados oferecem anualmente à indústria dos combustíveis fósseis. Entre eles estão alguns dos países que anunciaram doações na quinta-feira (30).

Tags: