Casal é condenado a prisão nos EUA por tentar vender segredos nucleares ao Brasil

Governo brasileiro foi abordado pelos norte-americanos em 2020 e acionou o FBI, que armou um esquema para prender a dupla

Um roteiro de filme. Assim definiu a Justiça norte-americana o caso de Jonathan Toebbe, um ex-engenheiro da Marinha dos EUA, e a esposa, Diana Toebbe, condenados na quarta-feira (9) por tentar vender segredos militares a um país estrangeiro não especificado. Segundo fontes do jornal New York Times, a nação em questão seria o Brasil. As informações são da agência Associated Press.

Após classificar o ato como digno de uma história saída de um romance policial, a juíza Gina Groh, do Distrito Norte da Virgínia Ocidental, condenou Diana a mais de 21 anos de prisão, enquanto Toebbe pegou 19 anos de cárcere, disse o Departamento de Justiça. Eles já haviam se declarados culpados perante o Tribunal em agosto.

Moradores de Annapolis, capital do Estado de Maryland, os réus têm problemas de saúde mental e com álcool, segundo seus advogados. Ambos alegaram que estavam “preocupados com o clima político do país” quando venderam segredos em troca de US$ 100 mil (R$ 533 mil) em criptomoeda.

Jonathan Toebbe e a esposa, Diana Toebbe: longas penas por traição (Foto: Cadeia Regional da Virgínia Ocidental/Divulgação)

Segundo Gina, embora Toebbe, 44 anos, fosse o único com autorização de segurança e acesso às informações nucleares, Diana, 46, foi a responsável por orquestrar a operação. “O dano a esta nação é grave, e estes são tempos assustadores em que vivemos”, disse a juíza na audiência.

De acordo com os promotores do caso, Toebbe extrapolou seu acesso a informações governamentais ultrassecretas, coletou informações sobre reatores nucleares e negociou detalhes sobre um projeto de navios de guerra movidos a energia nuclear com alguém que ele acreditava ser alto um funcionário do governo brasileiro, mas que, na verdade era um agente disfarçado do FBI, a polícia federal americana.

Toebbe e a mulher ofereceram milhares de páginas contendo informações sigilosas por considerarem o país “rico o suficiente para comprar os segredos”, não hostil aos EUA e interessado em obter a tecnologia. Os documentos foram entregues em um cartão de memória escondido dentro de meio sanduíche de manteiga de amendoim.

Segundo o FBI, o esquema teve início em abril de 2020, quando Toebbe enviou um pacote de documentos a um “governo estrangeiro”, no caso o brasileiro, manifestando interesse em vender manuais de operações, relatórios de desempenho e outras informações confidenciais. Então, o pacote foi repassado pelo Brasil ao FBI, que iniciou uma operação secreta que se estendeu por meses.

“Essas ações são uma traição à confiança, não apenas para o governo dos EUA, mas também para o povo americano”, disse Alan E. Kohler Jr., diretor assistente da Divisão de Contrainteligência do FBI, em comunicado na quarta (9).

A identidade do país procurado pelo casal foi mantida em sigilo durante mais de dois anos, até que o New York Times revelou se tratar do Brasil. As fontes do jornal foram um alto funcionário do governo brasileiro e outras pessoas com acesso a informações sobre o caso.

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