Com 11 embaixadas evacuadas, governo Biden alcança recorde negativo

Situação mais recente ocorreu há dez dias, no Haiti dominado por gangues, de onde os EUA retiraram parte do corpo diplomático

Desde que assumiu a presidência em 2021, Joe Biden liderou mais de dez evacuações de embaixadas dos EUA, o maior número registrado na história do país. A mais recente ocorreu no Haiti, em meio ao caos social provocado por disputas entre gangues. As informações foram divulgadas pelo The Daily Signal.

Diante da grave instabilidade no Haiti, que vive uma nova crise política, humanitária e de segurança, com presos libertados de penitenciárias, instituições estatais atacadas e hospitais forçados a fechar as portas, o Corpo de Fuzileiros Navais evacuou o pessoal não essencial da embaixada em Porto Príncipe no último dia 10. A ação representou a 11ª evacuação de uma embaixada dos EUA durante a presidência de Biden.

Desde janeiro de 2021, o Departamento de Estado (DOS, da sigla em inglês), a agência que cuida da política externa, evacuou total ou parcialmente 11 embaixadas através de diretrizes de partida autorizadas ou ordenadas.

Embaixada dos EUA em Porto Príncipe (Foto: Jason Rosenberg/Flickr)

Para se ter uma ideia, ao longo de oito anos de mandato, Barack Obama liderou o segundo maior número de evacuações, com oito, enquanto seu sucessor, Donald Trump, coordenou três evacuações parciais durante seus quatro anos na Casa Branca.

Os avisos de partida autorizados recomendam que diplomatas, famílias e americanos deixem o país em questão por meio de planos de viagem especiais feitos pelo DOS. Já as partidas ordenadas são instruções do Departamento de Estado para que todos os norte-americanos e funcionários não essenciais da embaixada saiam do país em questão imediatamente.

Para garantir a segurança dos cidadãos, a proteção militar foi necessária durante as evacuações das embaixadas dos EUA em Cabul, no Afeganistão, Porto Príncipe, no Haiti, e Cartum capital do Sudão.

Locais

Mianmar

Em março de 2021, o Departamento de Estado dos EUA ordenou a evacuação de sua embaixada em Mianmar, um mês após o golpe militar. A medida ocorreu após uma série de explosões perto da embaixada em Rangum, seguindo a ameaça de Biden de sancionar a junta militar do país.

Chade

Em abril de 2021, a Embaixada dos EUA no Chade emitiu uma declaração alertando para possíveis distúrbios após relatos da morte do presidente do país. Embora tenha instruído os funcionários a se abrigarem no local, inicialmente não previu a necessidade de evacuação. No entanto, em novembro do ano seguinte, o DOS ordenou a saída de funcionários não essenciais quando rebeldes se aproximaram da capital, N’Djamena.

Afeganistão

O anúncio de Biden, em 8 de julho de 2021, de esvaziar a base militar de Bagram, que durante vinte anos foi o centro do poder militar dos EUA e de seus aliados no Oriente Médio, gerou caos no país. A evacuação antecipada dos EUA deu tempo para o Taleban e outros grupos radicais se prepararem para assumir o controle de Cabul. Durante a evacuação final em 26 de agosto de 2021, um atentado terrorista matou 13 militares norte-americanos e mais de 150 civis afegãos. Biden prometeu retaliar, mas não o fez.

Etiópia

Devido às ameaças de forças rebeldes na guerra de Tigré, o DOS criou uma força-tarefa em novembro de 2021 para evacuar funcionários não emergenciais da Embaixada dos EUA em Adis Abeba. O governo etíope criticou a decisão, alegando que fazia parte da propaganda rebelde. Apesar de nenhum rebelde ter entrado em Adis Abeba e de um acordo de paz ter sido assinado um ano depois, o conflito na região persiste.

Ucrânia

Em 12 de fevereiro de 2022, o DOS emitiu avisos de “Não Viajar” para cidadãos norte-americanos em relação à Ucrânia, fechando a Embaixada dos EUA em Kiev dois dias depois e evacuando a maioria dos funcionários. Antes da invasão russa, uma pequena equipe foi realocada para operar na Polônia. A Embaixada foi reaberta em Kiev em 18 de maio de 2022, após a interrupção do avanço russo em direção à capital ucraniana.

Belarus

Quatro dias após a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, o DOS ordenou a evacuação dos americanos em Belarus, principalmente ao longo da fronteira com a Ucrânia. A Embaixada dos EUA em Minsk foi fechada em 28 de fevereiro e permaneceu assim desde então.

Rússia

No mesmo dia do anúncio sobre Belarus, o DOS emitiu uma autorização de saída para “funcionários não emergenciais e membros da família” da Embaixada dos EUA em Moscou. Cidadãos norte-americanos também foram aconselhados a deixar a Rússia “imediatamente” em voos comerciais, antes que as companhias aéreas suspendessem as operações no espaço aéreo russo. Ao contrário da Embaixada dos EUA em Minsk, a Embaixada em Moscou permanece aberta e emitiu avisos ao governo russo sobre ameaças de terrorismo.

Nigéria

O DOS emitiu uma ordem de partida para funcionários não emergenciais do governo dos EUA e membros da família em Abuja, capital da Nigéria, em 27 de outubro de 2022, citando um “risco elevado de ataques terroristas”.

Em maio de 2023, um comboio americano foi atacado por “agressores desconhecidos”, resultando na morte de quatro pessoas, incluindo dois funcionários do consulado dos EUA, cujos corpos foram incendiados.

Dois funcionários da missão dos EUA na Nigéria foram sequestrados, mas o Departamento de Estado optou por não divulgar os sequestros à mídia ou ao público. Os reféns foram resgatados dois dias depois.

Sudão

Desde abril de 2023, o país é cenário de combates entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF, na sigla em inglês) e o grupo conhecido como Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês). Após um ataque ocorrido no mesmo mês a um comboio norte-americano em Cartum, a situação na Embaixada dos EUA rapidamente se deteriorou.

O DOS destinou mais de 100 forças de operações especiais para escoltar a equipe diplomática e suas famílias, além do destacamento do Corpo de Fuzileiros Navais para proteger a embaixada.

Dois americanos foram mortos em ataques terroristas durante a guerra civil sudanesa antes que outros norte-americanos fossem evacuados com sucesso.

Níger

Em agosto de 2023, o DOS emitiu uma ordem de evacuação para “funcionários não essenciais do governo” da Embaixada dos EUA em Niamei, capital do Níger. A evacuação foi realizada por meio de voos militares devido às limitações nos voos comerciais.

Ataques violentos à embaixada francesa próxima e uma tentativa de golpe foram os motivos que levaram o Departamento de Estado a emitir a ordem de evacuação, apesar das manifestações violentas ocorridas por dois anos perto da Embaixada dos EUA.

Haiti

Na campanha presidencial, Biden prometeu foco no Haiti, mas desde sua posse, em 2021, o país caribenho mergulhou em desordem devido à atividade de gangues. A Embaixada dos EUA em Porto Príncipe foi evacuada parcialmente quatro vezes durante seu governo. Em fevereiro passado, o Departamento de Estado alertou sobre manifestações. Em março, os funcionários não essenciais da Embaixada dos EUA foram evacuados. Washington apoia uma missão da ONU (Organização das Nações Unidas) no Quênia, mas não menciona planos para resgatar os norte-americanos presos no Haiti.

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