Situação de segurança se deteriora no Haiti e gera êxodo de diplomatas estrangeiros

União Europeia retirou toda sua equipe do país caribenho, enquanto os EUA optaram por evacuar o pessoal não essencial

A União Europeia (UE) e o governo dos EUA começaram a retirar seus corpos diplomáticos do Haiti, conforme a situação de segurança no país caribenho se deteriora. A violência de gangues está fora de controle, com presos libertados de penitenciárias, instituições estatais atacadas e hospitais forçados a fechar as portas.

“Como resposta à dramática deterioração da segurança, tomamos a decisão de reduzir as nossas atividades no terreno e transferimos o pessoal da delegação da UE em Porto Príncipe para um local mais seguro fora do país”, disse  o porta-voz da Comissão Europeia, Peter Stano, nesta segunda-feira (11), segundo relatou o site Politico.

Missão de Paz da ONU no Haiti, outubro de 2022 (Foto: Marinha do Brasil/Flickr)

Washington adotou medida semelhante, embora tenha optado por manter as figuras centrais de seu corpo diplomático no Haiti. Segundo a rede Fox News, as Forças Armadas norte-americanas enviaram tropas para retirar o pessoal não essencial da embaixada e reforçar a segurança de quem continuará no terreno.

Entre as pessoas que foram evacuadas estão familiares de diplomatas, uma decisão que foi tomada em julho do ano passado e ainda não havia sido implementada. O bairro onde fica a embaixada dos EUA em Porto Príncipe passou a ser controlado pelas gangues.

“Nossa embaixada continua focada no avanço dos esforços do governo dos EUA para apoiar o povo haitiano, incluindo a mobilização de apoio à Polícia Nacional Haitiana, acelerando o envio da missão de Apoio à Segurança Multinacional (MSS, na sigla em inglês) autorizada pelas Nações Unidas e acelerando uma transição pacífica de poder através de eleições livres e justas”, disse o Comando Sul (Southcom) das Forças Armadas dos EUA. 

A crise haitiana

O Haiti vive há anos uma profunda crise econômica e estrutural, com mais de quatro milhões de pessoas passando fome, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA). Já a violência de gangues atingiu seu ápice no final de fevereiro, com confrontos entre os bandidos e as forças de segurança. Duas prisões foram invadidas, com cerca de 4,5 mil presos libertados, entre eles líderes das quadrulhas armadas.

Somente a área metropolitana de Porto Príncipe tem 160 mil deslocados internos, de acordo com dados da ONU (Organização das Nações Unidas). Já o país inteiro tem aproximadamente 362 mil deslocados, a metade crianças, sendo 15 mil apenas em uma semana.

O Conselho de Segurança destacou que um combustível para a violência é o fluxo constante de armas para o país, o que acaba por fortalecer as gangues. A situação foi classificada como “caótica” pelas Nações Unidas.

“A capital está cercada por grupos armados e perigo. É uma cidade sitiada ”, afirmou Philippe Branchat, chefe da Organização Internacional para Migrações (OIM) no país. “As pessoas que vivem na capital estão presas. Elas não têm para onde ir”, acrescentou.

A ONU determinou que uma força de apoio multinacional seja enviada ao Haiti, como foi citado pelo Southcom dos EUA. Os governos de Benin e Quênia já ofereceram seus soldados.

O Haiti está há mais de um ano sem um governo efetivo, desde que o então presidente Jovenel Moise foi assassinado. O primeiro-ministro Ariel Henry, atualmente em Porto Rico e incapacitado de retornar, é o governante em exercício e se recusa a renunciar, uma exigência das gangues para que reduzam a onda de violência.

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