Confrontos entre gangues forçam centenas de pessoas a fugir de casa no Haiti

Desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho passado, os crimes violentos aumentaram no país

Confrontos entre gangues rivais na capital do Haiti, Porto Príncipe, forçaram centenas de pessoas a fugir de suas casas, disse o porta-voz adjunto da ONU nesta terça-feira (3). Segundo Farhan Haq, a agitação vem crescendo entre membros de gangues nos bairros de Croix-des-Bouquets, Cité Soleil, Bas Delmas e Martissante.

“De acordo com nossos colegas humanitários, a violência na comuna de Croix-des-Bouquets deslocou mais de 1,2 mil pessoas. Pelo menos 26 civis foram mortos e 22 ficaram feridos, embora esses números sejam provavelmente maiores”, disse ele.

Há relatos de dezenas de casas queimadas, de escolas, centros médicos e mercados que tiveram que fechar e de um hospital saqueado em Marin.

“As pessoas deslocadas precisam de acesso a água potável, alimentos, kits de saneamento, kits infantis, kits de cozinha, colchões, cobertores e roupas”, afirmou Haq. “A ONU está pronta para fornecer refeições quentes e assistência adicional em coordenação com as autoridades nacionais”.

Violência afastou população das ruas da capital do Haiti, Porto Príncipe (Foto: Minujusth/Leonora Baumann)

Desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho passado, os crimes violentos aumentaram, de acordo com relatos da mídia. E, no mês passado, milhares foram às ruas, exigindo que o sucessor do falecido presidente, Ariel Henry, fizesse mais para combater as poderosas gangues criminosas do Haiti, que tomaram o controle de partes da capital.

O comitê de coordenação nacional da Direção-Geral de Proteção Civil do Haiti, composto por agências da ONU e ONGs (organizações não-governamentais), ativou um sistema de alerta precoce conhecido como Matriz de Rastreamento de Deslocamento, disse o OCHA (escritório de assuntos humanitários da ONU).

As ONGs locais estão oferecendo atividades psicossociais para crianças em locais temporários, incluindo eventos recreativos, espaços de aprendizado para crianças e aconselhamento.

Enquanto a polícia haitiana luta para conter a violência das gangues, os sequestros de estrangeiros e outras pessoas por gangues criminosas, exigindo grandes resgates, têm aumentado. Um diplomata dominicano teria sido sequestrado na segunda-feira (2), enquanto viajava por uma área controlada por gangues.

Embora estrangeiros sequestrados tenham recebido a maior parte da atenção da mídia, a maioria das vítimas é supostamente haitiana. De acordo com o Centro de Análise e Pesquisa em Direitos Humanos do Haiti, em 2021 mais de 1,2 mil pessoas foram sequestradas, apenas 81 das quais eram estrangeiras.

Entre os casos de sequestro, 10% são os chamados “sequestros coletivos”, nos quais membros de gangues sequestram um grupo de pessoas, às vezes invadindo cultos de igrejas e sequestrando clérigos no meio da missa.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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