Presidente dominicano promete muro na fronteira com Haiti em 2021

Governo da República Dominicana planeja iniciar construção da estrutura, de 380 quilômetros, ainda neste ano

O presidente da República Dominicana, Luis Abinader, prometeu no domingo (28) que daria início à construção de um muro entre o país e o Haiti ainda neste ano, que dividem a ilha caribenha de São Domingos, informou a britânica BBC.

O plano é construir uma divisão em toda a fronteira de 380 quilômetros que reparte a ilha. Segundo Abinader, a barreira ajudará a conter a imigração ilegal e o fluxo de drogas e veículos roubados.

Já existem trechos com muros ao longo da fronteira, todos construídos pela República Dominicana. Em locais “de conflito”, a divisão incluirá cerca dupla, sensores de movimento, sistemas infravermelhos e câmeras de reconhecimento facial. O governo não divulgou o custo do projeto.

Obra entre República Dominicana e Haiti deve começar ainda em 2021, diz Abinader
Fluxo comercial e migratório na fronteira entre o Haiti e a República Dominicana em setembro de 2012 (Foto: Divulgação/Alex Proimos)

A decisão impacta a relação historicamente difícil entre os países vizinhos. Em 2010, o governo dominicano determinou que qualquer pessoa nascida na República Dominicana após 1929, se tivesse pais “em trânsito”, não era mais cidadão do país.

Em consequência, haitianos-dominicanos só podem se registrar como “estrangeiros” – o que permite que busquem a naturalização, mas os deixa apátridas durante o processo.

Essa população, estimada em 210 mil pessoas, não tem acesso à educação, saúde ou direitos políticos no país de 11 milhões de habitantes, apontou o portal norte-americano Vox. A estimativa é que cerca de 500 mil migrantes haitianos vivam na República Dominicana – a maioria ilegal.

Disputa histórica

A discriminação racista e anti-haitiana está impregnada na cultura dominicana desde a era colonial. Enquanto a República Dominicana era uma colônia espanhola, o Haiti pertencia à França.

Na população haitiana predominam os negros, a maioria descendente de escravos levados à colônia para trabalhar nas plantações de açúcar. Do outro lado, estão os dominicanos, que se consideram hispânicos.

Apesar do preconceito, porém, a República Dominicana depende da mão de obra barata dos haitianos em sua indústria açucareira. O mercado é destino de cidadãos que procuram trabalho pela falta de oportunidades no Haiti, a nação mais pobre do Ocidente.

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