A decisão do presidente norte-americano Donald Trump de congelar a ajuda internacional por 90 dias e desativar a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) está causando grandes repercussões globais. De acordo com trabalhadores atuais e antigos da entidade, a medida afeta uma ampla gama de programas essenciais, desde biosegurança e vacinas até suprimentos de alimentos para países atingidos pela fome. As informações são da rede NBC News.
O governo dos EUA desembolsou cerca de US$ 72 bilhões em ajuda externa no ano fiscal que terminou em 20 de setembro de 2023, com a USAID administrando aproximadamente US$ 44 bilhões dessa assistência global. Os cortes ameaçam a vida de milhares, enquanto os esforços para conter doenças como poliomielite, mpox e Ebola sofrem grandes interrupções. “Provavelmente perdemos vidas,” afirmou Marcia Wong, ex-vice-assistente administrativa da USAID.

Após a ordem executiva de Trump, em 20 de janeiro, que congelou a assistência estrangeira, programas de ajuda financiados pelos americanos mundo afora tiveram que reduzir suas operações, fechar e demitir funcionários. Embora o secretário de Estado Marco Rubio tenha tentado mitigar os danos isentando a ajuda alimentar de emergência e programas “salvadores de vidas”, muitos esforços ainda estão paralisados.
Por exemplo, apesar de supostamente existirem isenções para programas de HIV, os fundos continuam congelados, complicando a continuidade do tratamento vital para milhões de pessoas. A incerteza quanto às isenções para assistência vital, que colocam em risco mais de US$ 489 milhões em assistência alimentar, é um grande ponto de preocupação, conforme relatado pelo inspetor-geral da USAID, Paul Martin, que foi demitido após divulgar um relatório sobre os impactos negativos da redução da agência.
Além de afetar programas de saúde, a desativação da USAID também impacta a agricultura e iniciativas ambientais, com mais de US$ 1 bilhão em desembolsos cobrindo programas agrícolas no ano fiscal de 2023. A agência tem sido fundamental na conservação ambiental, incluindo na Amazônia brasileira, onde apoiou organizações locais para melhorar a agricultura familiar e combater as mudanças climáticas.
A segurança é outra área crítica afetada, com mais de US$ 16 bilhões em desembolsos da USAID em 2023 destinados a iniciativas de governo e sociedade civil. Em termos de assistência humanitária, a entidade forneceu suporte significativo ao desenvolvimento e econômico para a Ucrânia, que enfrenta uma guerra em larga escala com a Rússia há três anos.
Este congelamento de fundos levou alguns analistas a advertirem que os EUA correm o risco de perder seu status no palco global se recuarem do desenvolvimento estrangeiro, abrindo espaço para potências rivais como China e Rússia.