Em uma ofensiva para acelerar deportações, o governo Donald Trump tem buscado novos acordos com países dispostos a receber migrantes expulsos dos EUA. Segundo fontes com conhecimento das negociações, a estratégia visa contornar resistências de nações de origem que se recusam ou demoram a aceitar de volta seus cidadãos. As informações são do jornal The Washington Post.
A iniciativa tem como base um acordo pontual firmado com o Panamá em fevereiro, quando os EUA enviaram mais de cem migrantes, em sua maioria do Oriente Médio, ao país da América Central. Detidos ao chegar, eles aguardaram o processo para retorno aos seus países de origem sob custódia panamenha. Agora, Washington quer repetir o modelo em outras regiões do mundo, mesmo sem necessariamente firmar tratados formais.

As negociações envolvem nações como Líbia, Ruanda, Benin, Eswatini, Moldávia, Mongólia e Kosovo. Em alguns casos, o governo norte-americano estaria disposto a oferecer compensações financeiras ou ganhos políticos para que os países aceitem os deportados. Um funcionário familiarizado com o assunto afirmou que “o que acontece depois com os deportados dependerá das políticas locais”, podendo variar entre pedido de asilo ou nova deportação.
O esforço está sendo liderado por Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca e conhecido defensor de políticas migratórias rigorosas. Ele coordena a atuação do Conselho de Segurança Interna da Casa Branca junto ao Departamento de Estado, responsável pelas conversas diplomáticas.
“Fortalecer as leis de imigração do nosso país é crucial para a segurança nacional e a segurança pública dos Estados Unidos”, disse um porta-voz do Departamento de Estado em comunicado.
No caso de Honduras, um acordo mais amplo está perto de ser fechado para que o país se torne destino alternativo para pedidos de asilo — medida semelhante está sendo negociada com a Costa Rica. Essas parcerias são parte de uma promessa de Trump, que tenta lançar “a maior operação de deportação da história dos EUA”, segundo repetidas declarações do próprio presidente.
Em março, Trump usou uma lei do século XVIII, o Alien Enemies Act, para deportar mais de 130 venezuelanos supostamente ligados a gangues. Eles foram enviados a El Salvador, onde permanecem detidos em uma prisão de segurança máxima. O uso da lei foi temporariamente suspenso por um juiz federal, que ainda questiona se a Casa Branca desrespeitou a decisão judicial.