Especialista da ONU pede apoio internacional às Bahamas em meio à crise climática

Devido ao elevado rendimento per capita, país tem dificulta para obter empréstimos e acessar ajuda ao desenvolvimento

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

Uma especialista em direitos humanos nomeada pela ONU (Organização das Nações Unidas) instou na sexta-feira (1º) a comunidade internacional a aumentar a assistência às Bahamas e a outros pequenos Estados insulares que enfrentam ameaças elevadas de desastres naturais resultantes das alterações climáticas. 

“As Bahamas precisam de um planeamento financeiro a longo prazo para enfrentar a sua vulnerabilidade climática e a dependência económica do turismo”, afirmou Attiya Waris, especialista independente da ONU sobre dívida externa, obrigações financeiras internacionais e direitos humanos, numa  declaração  no final de uma visita de dez dias ao país.

Waris observou que o estatuto das Bahamas como país de elevado rendimento dificulta a sua capacidade de obter empréstimos de instituições financeiras internacionais e acessar ajuda ao desenvolvimento.  

“A realidade é que deveriam ser apoiados pela comunidade internacional, incluindo instituições financeiras internacionais e bancos de desenvolvimento”, disse ela.

Bahamas, país insular no Caribe (Foto: Jerry Donah e Pat Donah/WikiCommos)

Waris apelou tanto às Bahamas como à comunidade global para adoptarem um indicador comparativo alternativo em vez de se basearem apenas no Produto Interno Bruto (PIB) per capita.

Esta recomendação decorre do reconhecimento de que a nação enfrenta desafios distintos, tais como um elevado custo de vida e uma vulnerabilidade contínua a catástrofes relacionadas ao clima, que exigem uma maior alocação de recursos que a de muitos outros Estados.

Custos de turismo e desastres 

A especialista destacou a forte dependência das Bahamas do turismo como pedra angular da sua economia. 

Na última década, o país sofreu cinco grandes furacões, sendo o furacão Dorian em 2019 o mais recente. Este evento devastador resultou num montante surpreendente de US$ 3,4 bilhões em danos, o que equivale a quase um quarto do PIB do país. 

“O impacto do furacão Dorian, da Covid-19 e do declínio do turismo foi devastador tanto para a população como para a economia do país”, afirmou Waris. “O país ainda está pagando a dívida contraída para a reconstrução e continuará a fazê-lo durante muitos anos.” 

Diversidade econômica necessária

Ela encorajou o governo a dar prioridade ao planeamento econômico abrangente e de longo prazo que considere os impactos das alterações climáticas. 

Além disso, sugeriu explorar opções para reduzir a forte dependência do país do turismo, melhorar a segurança alimentar e aproveitar a inovação local como meio de diversificar a economia. 

Estas sugestões serão apresentadas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em março de 2024.

“A responsabilidade coletiva da comunidade internacional relativamente às alterações climáticas e às suas consequências não deve ser esquecida”, disse Waris.

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