EUA propõem confisco de US$ 300 bilhões de ativos russos em contas no Ocidente

Proposta feita ao G7 prevê utilizar recursos para defesa e reconstrução da Ucrânia em função da guerra iniciada em 2022

Washington propôs que grupos de trabalho do G7, organização que reúne as sete principais economias democráticas do mundo, explorem maneiras de confiscar US$ 300 bilhões em ativos russos congelados. A medida ocorre em meio a esforços acelerados dos aliados para chegar a um plano antes do segundo aniversário da invasão russa à Ucrânia, que irá ocorre em fevereiro. As informações são do jornal Financial Times.

Embora sem decisões firmes até o momento, a ampliação das discussões sobre o confisco dos bens de Moscou destaca a crescente relevância desse tema para o Ocidente. Tanto é que ministros das finanças do G7 e seus adjuntos já discutiram o desenvolvimento dessa política e a avaliação dos riscos durante teleconferências realizadas em dezembro.

Os Estados Unidos, com o respaldo de Reino Unido, Japão e Canadá, propuseram avançar com preparativos para alternativas a serem apresentadas em uma possível reunião de líderes do G7 no dia 24 de fevereiro, que simbolicamente irá coincidir com a data de início da ofensiva ordenada por Vladimir Putin ao território ucraniano há quase dois anos.

Rublos russos: economia de Moscou na mira do Ocidente (Foto: WikiCommons)

Washington delineou três grupos de trabalho propostos: um ficará focado em questões legais relacionadas ao confisco, outro irá examinar métodos de implementação e mitigação de riscos e um terceiro terá como missão explorar opções para direcionar apoio à Ucrânia. Essa iniciativa visa a reforçar a reação do G7 diante dos acontecimentos relacionados à guerra entre Moscou e Kiev.

Alemanha, França, Itália e União Europeia (UE) manifestaram suas reservas quanto ao confisco de bens russos, destacando a necessidade de avaliação legal e sigilo nas discussões. Diversas opções estão em consideração, desde a apreensão direta dos ativos do banco central russo até o uso dos rendimentos dos ativos congelados como garantia para empréstimos.

A UE ainda não implementou o confisco direto, explorando alternativas como redirecionar lucros para instituições financeiras, como a Euroclear, que já mantém 191 bilhões de euros em ativos soberanos.

Washington não endossou publicamente a apreensão de bens russos, mas compartilhou de forma privada uma sugestão no G7 para que o confisco dos ativos congelados de Moscou fosse considerado legal como uma medida para enfrentar a agressão russa.

Cautela europeia

Enquanto os EUA mostram essa perspectiva, a Europa, que abriga a maioria dos ativos, é mais cautelosa, temendo implicações para a estabilidade financeira e possíveis retaliações russas. A Itália, que preside o G7 em 2024, preocupa-se com retaliações às suas empresas na Rússia, enquanto Moscou ameaça interromper relações diplomáticas em resposta a qualquer confisco de bens.

UE, Reino Unido e França alertam que fundos provenientes da apreensão de bens russos não estarão prontamente disponíveis nem seriam suficientes para cobrir as necessidades de reconstrução da Ucrânia. Destacam que a apreensão não deve prejudicar o apoio financeiro a Kiev em 2024.

Ministros expressam preocupação de que o debate sobre apreensões possa sugerir uma alternativa aos pacotes de financiamento tradicionais para a Ucrânia, atualmente estagnados no Congresso dos EUA e devido à oposição da Hungria a um acordo com a UE.

Nos últimos dois anos, o G7 conseguiu superar divergências entre seus membros em várias ocasiões, abordando medidas econômicas contra a Rússia. Isso incluiu a implementação de um amplo pacote inicial de sanções e a definição de um limite máximo para o preço do petróleo russo.

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