Ex-agente do FBI se declara culpado de ajudar oligarca russo a burlar sanções dos EUA

Charles McGonigal teria trabalhado a serviço de Oleg Deripaskla, inclusive recebendo dinheiro para investigar um rival

Charles McGonigal, um ex-agente especial do FBI, a polícia federal norte-americana, se declarou culpado de ajudar o oligarca russo Oleg Deripaska a burlar sanções impostas por Washington. O réu, que aguarda o julgamento em liberdade, falou perante uma corte de Nova York na terça-feira (15)

O ex-agente federal, que está livre porque pagou a fiança no início do ano, é formalmente acusado de violar o Ato Internacional de Poderes Econômicos de Emergência (IEEPA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

“Charles McGonigal, por sua própria admissão, traiu seu juramento e ocultou ativamente seu trabalho ilícito a pedido de um oligarca russo sancionado”, disse o procurador-geral adjunto Matthew G. Olsen, da Divisão de Segurança Nacional do Departamento de Justiça norte-americano.

Oleg Deripaska é fundador do gigante de alumínio Rusal (Foto: World Economic Forum/Flickr)

Encarregado da divisão de contraespionagem do FBI em Nova York, McGonigal teria trabalhado para que as sanções impostas a Deripaska fossem suspensas em 2019. Ele também foi pago para investigar um oligarca rival, sendo que todo o dinheiro era enviado através de empresas de fachada.

“Depois de seu mandato como oficial de alto nível do FBI que supervisionou e participou de investigações de oligarcas russos, Charles McGonigal agora admitiu que concordou em fugir das sanções dos EUA prestando serviços a um desses oligarcas, Oleg Deripaska”, disse Damian Williams, procurador para o Distrito Sul de Nova York.

O ex-agente do FBI foi preso em janeiro deste ano ao desembarcar em Nova York. Junto com ele foi detido o suposto cúmplice Sergey Shestakov, um ex-diplomata russo que se naturalizou norte-americano e passou a atuar como tradutor juramentado do sistema judicial.

Empresário da indústria de metais, Deripaska integra um pequeno grupo de oligarcas que entraram em rota de colisão com o presidente Vladimir Putin, criticando a incursão militar da Rússia na Ucrânia ocorrida em fevereiro de 2022.

Dias após o início do conflito, o magnata se manifestou pelo aplicativo de mensagens russo Telegram: “A paz é muito importante. As negociações devem começar o mais rápido possível”, disse. Então, ele teve seu complexo hoteleiro de US$ 1 bilhão e a marina anexa, na cidade de Sochi, apreendidos pelo Kremlin, que pediu ao oligarca para “se acalmar” e cessar as críticas ao conflito. 

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