Forças especiais dos EUA se preparam para cenário de conflito em Taiwan

Uma equipe de elite das forças armadas dos EUA, a mesma responsável pela morte de Bin Laden, está planejando ajudar Taiwan caso a China comece uma guerra contra a ilha

Apesar de autoridades americanas afirmarem que o conflito com a China “não é iminente”, os EUA aceleraram seus preparativos militares devido à rápida modernização do exército chinês, seguindo a ordem de Xi Jinping de estar pronto para tomar Taiwan até 2027. Diante desse cenário, uma unidade de elite da Marinha norte-americana está se preparando para um possível conflito envolvendo a ilha. As informações são do Financial Times (FT).

A reportagem menciona que o mesmo SEAL Team 6 responsável pela morte de Osama bin Laden em 2011 está agora se treinando para realizar missões de apoio a Taiwan, caso haja uma invasão chinesa. O líder da Al-Qaeda, bin Laden, foi abatido em uma operação noturna no Paquistão.

O SEAL Team 6 é considerado a força de elite das Forças Armadas dos EUA, e o “planejamento e treinamento” para um possível conflito em Taiwan está em andamento há mais de um ano na base da unidade em Dam Neck, Virginia Beach, localizada a cerca de 250 quilômetros a sudeste de Washington.

SEALs da Marinha dos EUA no Afeganistão em 2017 (Foto: WikiCommons)

O fortalecimento dos laços entre Washington e Taipé provocou um dos maiores exercícios militares da China ao redor de Taiwan, com frequentes incursões de aeronaves e navios navais chineses próximos à ilha.

Na quinta-feira, Taipé informou a presença de cerca de 29 aviões chineses, oito navios de guerra e uma embarcação oficial operando nas proximidades de Taiwan.

Em meio às crescentes tensões, China e EUA reestabeleceram recentemente o diálogo militar. Na semana passada, o general Wu Yanan, comandante do Teatro de Operações do Sul do Exército de Libertação Popular, realizou sua primeira videoconferência com o almirante Samuel Paparo, comandante do Indo-Pacífico dos EUA.

Espera-se que Wu visite o Comando Indo-Pacífico dos EUA no Havaí na próxima semana para participar de uma conferência de defesa organizada por Paparo.

O diretor da CIA, Bill Burns, revelou ao FT na semana passada que 20% do orçamento da agência agora é destinado à China, um aumento de 200% em três anos.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.

Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

A crise ganhou contornos mais dramáticos após a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha em 2022. Foi a primeira pessoa ocupante do cargo a viajar para Taiwan em 25 anos, atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas diferentes.

O treinamento serviu como um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Assim, voos comerciais tiveram que ser cancelados, e embarcações foram impedidas de navegar por conta da presença militar chinesa.

Desde então, aumentou consideravelmente a expectativa global por uma invasão chinesa. Para alguns especialistas, caso do secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin, o ataque “não é iminente“. Entretanto, o secretário de Estado Antony Blinken afirmou em outubro de 2022 “que Beijing está determinada a buscar a reunificação em um cronograma muito mais rápido”.

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