Governo da Colômbia rejeita ameaças de ex-líder das FARC Jesús Santrich

Em vídeo, Santrich ameaçou matar o presidente colombiano Iván Duque; ex-líder estaria refugiado na Venezuela

Bogotá reagiu com desprezo às recentes ameaças do dissidente das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Jesús Santrich, que, em um vídeo da última segunda (22), jurou o presidente colombiano Iván Duque de morte.

Na gravação, o ex-líder direciona a Duque a expressão em latim “memento mori” – em português, “lembre-se que você vai morrer”. Foragido, Santrich deixou o acordo de paz para se unir à guerrilha da chamada Nueva Marquetalia e estaria refugiado na Venezuela.

“Todo procustiano realiza o seu desejo”, diz Santrich no vídeo ao qual o portal de notícias argentino Infobae teve acesso. “Ou seja, todo porco gordo realiza o seu dezembro. Nos vemos”.

Governo da Colômbia rejeita  ameaças de ex-FARC, Jesús Santrich
O dissidente da FARC e foragido da Justiça da Colômbia, Jesús Santrich (de óculos), em pronunciamento como membro das FARC em Havana, Cuba, outubro de 2013 (Foto: Divulgação/FARC-EPaz)

Em resposta às ameaças, o conselheiro de Estabilização, Emilio Archila, afirmou que o governo não teme o criminoso. “Não temos medo dele. Pelo contrário, quem deve ter medo é Santrich”, disse ao periódico colombiano “Semana”.

Duque também trouxe o latim para responder a Santrich. “Fortis fortuna adiuvat”, disse, ao referir que “a fortuna favorece os mais fortes”. O pronunciamento foi feito durante o lançamento do Conat (Comando contra o Narcotráfico e Ameaças Transnacionais), no dia 26.

Pelo menos sete mil soldados do Exército integram a força de elite, disse a emissora La FM. “Não temo ameaças de criminosos. Lutamos contra eles implacavelmente em defesa do povo colombiano”, afirmou o presidente.

Duque, crítico do acordo de paz assinado após mediação das Nações Unidas em 2016, atribui a dissidentes das FARC crimes como formação criminosa em tráfico de drogas e mineração ilegal.

Santrich e a Nueva Marquetalia

As autoridades da Colômbia capturaram Santrich em Bogotá em abril de 2018. Ele deveria ser extraditado aos EUA por ligação com o tráfico de drogas, mas foi libertado em junho de 2019 para assumir o cargo de deputado.

No mesmo mês, Santrich deixou a Colômbia e teria se refugiado na Venezuela com o também ex-FARC Iván Márquez. Os dois guerrilheiros anunciaram na sequência a criação do grupo rebelde “Nueva Marquetalia”.

Um tribunal de Nova York acusa Santrich e Márquez de participação em crimes como formação de quadrilha, narcoterrorismo, porte ilegal de armas e conspiração para importação de cocaína aos EUA.

Relatórios apontam que o grupo já acumula 36 bases e cerca de cinco mil soldados até a metade do ano passado. Os dissidentes também teriam armamentos sofisticados, como uma aeronave leve, rifles longos e campos de concentração.

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