Houthis atacam navios dos EUA em retaliação a bombardeios no Iêmen

Pentágono confirmou que grupo aliado ao Irã usou drones e mísseis para realizar ataque prolongado contra embarcações de guerra

Na segunda-feira (11), dois navios de guerra dos Estados Unidos foram alvos de um ataque coordenado pelos rebeldes Houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, envolvendo drones e mísseis, mas conseguiram interceptar todos os projéteis sem sofrer danos ou baixas, segundo informações divulgadas pelo Pentágono. As informações são da BBC.

O ataque teve como alvo o destróier USS Stockdale e o USS Spruance, que navegavam pelo estreito de Bab el-Mandeb, uma das rotas marítimas mais estratégicas do mundo, ligando o Mar Vermelho ao Golfo de Áden. De acordo com o major general Pat Ryder, porta-voz da Força Aérea dos EUA, os navios foram atacados por pelo menos oito drones, cinco mísseis balísticos antinavio e três mísseis de cruzeiro antinavio.

“Os navios americanos abateram todos os projéteis lançados contra eles, sem sofrer qualquer dano ou ferir membros da tripulação”, afirmou Ryder durante uma coletiva de imprensa.

Em outubro de 2023, um destróier da Marinha dos EUA conseguiu neutralizar com sucesso uma ameaça composta por mísseis Houthi e drones no Mar Vermelho (Foto: WikiCommons)

O incidente ocorre após uma série de ataques aéreos realizados pelo Comando Central dos EUA contra bases de armazenamento de armas dos Houthis no Iêmen. As ofensivas americanas foram uma resposta ao aumento das atividades hostis dos rebeldes, que são apoiados pelo Irã, na região do Mar Vermelho.

A emissora Al-Masirah, principal canal de notícias administrado pelo movimento Houthi, alegou que os ataques foram uma retaliação aos recentes bombardeios dos EUA, que teriam como alvo dois navios de guerra americanos e um terceiro navio não identificado no Mar Arábico.

O estreito de Bab el-Mandeb é uma rota vital para o comércio global, com milhões de barris de petróleo passando pela área diariamente, e a crescente tensão entre os EUA e os Houthis levanta preocupações sobre a segurança na via navegável estratégica.

O porta-voz militar dos rebeldes, Yahya al-Sarea, afirmou em uma declaração no X que conseguiram atingir o porta-aviões USS Abraham Lincoln com múltiplos mísseis de cruzeiro.

“A primeira operação teve como alvo o porta-aviões americano (Abraham) localizado no Mar Arábico com uma série de mísseis de cruzeiro e drones”, disse o porta-voz militar Houthi Yahya Sarea em um comunicado, repercutiu a Al Jazeera.

No entanto, Ryder declarou que “não tinha informações sobre qualquer ataque” ao navio Abraham Lincoln. Ele ainda acrescentou que os Houthis serão responsabilizados por seus ataques ilegais e perigosos, deixando claro que haverá consequências.

Poder de fogo rebelde

Os rebeldes iemenitas passaram a atacar navios no Mar Vermelho, no Golfo de Áden e no Estreito de Bab al-Mandeb após os ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023. Eles argumentam desde então que têm o objetivo de comprometer o fluxo de mercadorias rumo ao território israelense e assim mostrar apoio aos palestinos em Gaza.

Segundo especialistas, o arsenal dos Houthis inclui mísseis balísticos com alcance de até 1,9 mil quilômetros e drones iranianos Shahed-136, capazes de percorrer até dois mil quilômetros. Os próprios rebeldes exaltam seu arsenal e alegam que chegaram a usar inclusive um míssil hipersônico, artefato que nem as Forças Armadas norte-americanas têm à disposição.

A ofensiva levou a uma ação retaliatória dos EUA e do Reino Unido, que formaram uma coalizão naval para assegurar a navegação livre e evitar um choque econômico ainda maior. Washington chegou a usar seus bombardeiros furtivos B-2, que raramente entram em ação, para atacar uma série de alvos subterrâneos dos Houthis na semana passada, o que expõe o tamanho da preocupação com o grupo.

As rotas visadas pelos Houthis recebem cerca de 15% do comércio internacional, e os ataques forçaram muitas companhias a mudar o trajeto de suas embarcações, encarecendo o frete mundial. Há, entretanto, exceções aceitas pelos Houthis para seus ataques.

O grupo iemenita se absteve de atacar navios de China e Rússia, aliados de Teerã, desde que não tenham conexões com Israel. Em troca, as duas nações prometeram apoio político aos insurgentes, possivelmente incluindo o bloqueio de resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas) no Conselho de Segurança.

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