Inteligência brasileira identificou mais um espião russo atuando no país

Serguei Alexandrovitch Chumilov deixou o Brasil graças a um acordo entre os dois países após ter sido desmascarado

O Brasil se somou à lista de países que receberam nos últimos anos falsos diplomatas da Rússia que eram na verdade agentes de inteligência. De acordo com o jornal A Folha de S. Paulo, Serguei Alexandrovitch Chumilov já deixou o país após ter sido desmascarado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

O caso envolvendo Chumilov foi confirmado à reportagem por funcionários do Ministério das Relações Exteriores e por autoridade de outros setores do governo brasileiro. A missão do russo no Brasil seria recrutar cidadãos que passariam a atuar como informantes da inteligência russa.

O espião teria permanecido no Brasil até julho de 2023, quando foi embora por iniciativa de Moscou. Tão logo a atividade dele como agente de inteligência foi identificada pela Abin, os governos dos dois países negociaram uma solução diplomática, daí a decisão dos russos de mandá-lo embora.

O presidente russo Vladimir Putin: espiões disfarçados de diplomatas (Foto: WikiCommons)

Casos de espiões russos que usam o Brasil de alguma forma para esconder suas atividades têm se tornado comuns. O mais conhecido deles é Sergey Vladimirovich Cherkasov, que está preso em Brasília e espera que um processo de extradição seja concluído.

Então identificado como Victor Muller Ferreira, um cidadão brasileiro, ele foi preso em abril de 2022 ao retornar de uma viagem à Holanda. Acusado de falsidade ideológica por portar documentos com dados falsos, foi julgado e condenado. Ele ainda responde a processos no Brasil por atos de espionagem, lavagem de capitais e corrupção e corrupção passiva.

Há ao menos outros dois casos que se tornaram públicos. Assim como Cherkasov, Mikhail Mikushin, um coronel do GRU, o serviço de inteligência militar de Moscou, dizia ser um brasileiro de nome José Assis Giammaria. Já Gerhard Daniel Campos Wittich era supostamente brasileiro de ascendência austríaca, mas foi desmascarado na Grécia e identificado como um agente russo de sobrenome Shmyrev.

Espiões na diplomacia europeia

O uso do serviço diplomático como cobertura para atividades de inteligência, como ocorreu agora no Brasil, é mais frequente na Europa, sendo o caso de Chumilov o primeiro revelado por aqui. Nos últimos anos, centenas de russos foram expulsos de países europeus sob a acusação de que vinham atuando como espiões disfarçados de diplomatas.

Ken McCallum, diretor do MI5, o serviço de inteligência doméstica britânica, calculou em novembro de 2022 que mais de 600 russos foram obrigados a deixar países europeus nessas condições.

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