Em carta enviada no último dia 10, líderes democratas de Washington criticaram a interferência do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, à imprensa independente.
No documento, os 12 parlamentares se dizem “profundamente preocupados” com o aumento da hostilidade do governo em relação ao meios de comunicação do país.
O grupo cita os recentes ataques contra o portal salvadorenho El Faro. O veículo investigativo denunciou, no dia 3, a negociação do presidente com a gangue MS-13 (Mara Salvatrucha 13).
Bukele pedia a redução de homicídios e apoio eleitoral no pleito parlamentar de fevereiro de 2021.
Depois das denúncias, artigos anônimos na mídia estatal atacaram a credibilidade do site e o Ministério das Finanças instituiu uma auditoria financeira sobre o portal. “É um esforço para intimidá-los”, diz a carta.
Na investigação sobre o MS-13, os jornalistas tiveram acesso a documentos da administração penitenciária de dois presídios do país. Após a publicação, o diretor da Prisão Nacional, Osiris Luna, pediu que o procurador-geral do país investigasse a origem das “notícias falsas” em seu gabinete.
O El Faro é um dos veículos mais respeitados e premiados do mundo por sua cobertura investigativa. “Estamos alarmados com os recentes ataques. O jornalismo de primeira linha do portal é respeitado em toda a comunidade internacional”, dizem os líderes na carta.
Perseguição recorrente
Em agosto, entidades denunciaram que plataformas criadas com fundos públicos atacavam jornalistas e veículos de comunicação no país.
Há registro de mais de 60 ataques do Poder Executivo durante o primeiro ano do governo de Bukele, incluindo de funcionários e forças de segurança, contra profissionais da imprensa local.
Os jornalistas também sofrem com o bloqueio seletivo de informações públicas, ciberataques e até mesmo roubo de computadores. No documento enviado a Bukele, os líderes norte-americanos instam o governo do país da América Central a investigar e tomar medidas sobre os ocorridos.
“Embora divergências entre funcionários do governo e a mídia estejam fadadas a ocorrer em qualquer democracia, acreditamos que os governos devem sempre garantir o pleno respeito pela liberdade de imprensa”, diz o documento.