Migrantes haitianos seriam aliciados para ‘corredor do crime’ entre Bolívia e Brasil

Máfias internacionais de aliciamento estão sendo investigadas; haitianos seriam alvo de tráfico de drogas e pessoas

As autoridades estão investigando máfias internacionais responsáveis pelo aliciamento de migrantes haitianos para um ‘corredor do crime’ entre a Bolívia e o Brasil.

Com as fronteiras mais frágeis durante a pandemia, as organizações criminosas usam os deslocados para traficar drogas e pessoas, denunciou a Associated Press no dia 3.

Mais de 140 cidadãos haitianos foram identificados em oito operações somente em agosto, informou o diretor de migração da Bolívia, Marcel Rivas. A maioria são mulheres e adolescentes sem vínculo familiar.

Migrantes haitianos seriam usados como 'corredor do crime' entre Bolívia e Brasil
Comunidade da capital do Haiti, Porto Príncipe, recebem ajuda após terremoto em fevereiro de 2010 (Foto: Organização Internacional da Migração/Mark Turner)

A suspeita é que os migrantes estariam sendo recrutados para cruzar a Bolívia em direção ao Chile e Brasil.

A polícia já prendeu nove pessoas – entre elas, seis motoristas de ônibus bolivianos suspeitos de integrar um dos sindicatos de plantação de coca na região de Cochabamba.

O território boliviano foi escolhido por seu posicionamento estratégico, no centro da América Latina. Além da divisa com Brasil e Chile, o país também é vizinho de Argentina, Peru e Paraguai.

No início de agosto, um migrante que tentava cruzar a fronteira do Chile acabou morrendo com várias drogas pelo corpo. “Seu destino final era o Brasil”, disse Rivas.

“Infelizmente, a Bolívia voltou a ser um país de trânsito. Em cada operação havia uma pessoa que tinha residência. Nem todos são vítimas, alguns são recrutadores”, pontuou.

No Haiti, seis dos 11 milhões de habitantes vivem abaixo da linha da pobreza. O surto do coronavírus só acentuou a desigualdade – com altos índices de subnotificação, o país registra cerca de 8,4 mil casos e 214 mortes até essa terça-feira (8).

Estima-se que dois em cada cinco haitianos sofra com insegurança alimentar, segundo o Ecosoc (Conselho Econômico e Social das Nações Unidas).

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