Muçulmanos dos EUA avisam Biden: cessar-fogo em Gaza ou apoio cortado em 2024

Comunidade ameaça reter votos e doações para a campanha de reeleição do chefe da Casa Branca, a menos que ele lute pelo fim do conflito

A comunidade muçulmana norte-americana expressou sua insatisfação com a inação de Washington para um cessar-fogo no conflito em Gaza e passou a atrelar essa questão e seu apoio político, particularmente através do voto.

Grupos muçulmanos e árabes-americanos ameaçam cortar doações financeiras e votos nas eleições presidenciais de 2024, a menos que o presidente Joe Biden adote medidas imediatas para assegurar a paz no enclave, segundo reportagem da agência Reuters.

O Conselho Nacional Democrático Muçulmano, que é composto por líderes do Partido Democrata em estados altamente disputados, como Michigan, Ohio e Pensilvânia, que podem ter impacto significativo nas eleições, instou o presidente a usar sua influência com Israel para intermediar um cessar-fogo até terça-feira (31), prazo que não foi cumprido.

Joe Biden e Benjamin Netanyahu em 2016 (Foto: U.S. Embassy Jerusalem/Flickr)

Em carta aberta intitulada “Ultimato de Cessar-Fogo 2023”, líderes muçulmanos se comprometeram a mobilizar eleitores muçulmanos, árabes e seus aliados para que não ofereçam apoio, endosso ou votos a qualquer candidato que respalde a ofensiva israelense contra o povo palestino.

No documento, eles destacaram o apoio incondicional da Casa Branca, incluindo “financiamento e fornecimento de armas”, que desempenhou “papel significativo” na continuação da violência, resultando em vítimas civis e abalando a confiança dos eleitores que anteriormente acreditavam na administração.

O governo Biden mantém um apoio firme à resposta militar de Israel e ao seu direito de autodefesa. No entanto, passadas três semanas desde o ataque do Hamas contra Israel, há um aumento nas vozes de líderes políticos e diplomatas norte-americanos pedindo que o Exército israelense proteja a população civil e facilite a entrada de mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

O Emgage, organização que tem como objetivo promover os interesses dos muçulmanos nos EUA, revelou que quase 1,1 milhão de muçulmanos foram às urnas durante as eleições de 2020. De acordo com pesquisas da agência Associated Press, 64% deles votaram no candidato democrata, Biden, enquanto 35% apoiaram o republicano Donald Trump.

A Casa Branca está respondendo às preocupações de líderes muçulmanos, tanto que Biden se reuniu com alguns deles na semana passada. Na ocasião, ele condenou o aumento do antissemitismo e da islamofobia. As lideranças por sua vez, enfatizaram a importância de pôr fim ao conflito.

Jaylani Hussein, diretor executivo do Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR), no estado de Minnesota, declarou que não tinha outra alternativa senão votar contra Biden em 2024, a menos que o chefe da Casa Branca articule o fim dos combates com Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel. Ele esclareceu que estava expressando sua “opinião pessoal”, não a do órgão que representa

Na segunda-feira (30), Netanyahu afirmou que não apoiaria uma paralisação dos ataques em Gaza. Paralelamente, o porta-voz de segurança nacional dos EUA, John Kirby, declarou que, neste momento, apenas o Hamas se beneficiaria com tal cessar-fogo.

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