Nos EUA, sete em cada 10 preferem pagar mais a consumir produtos chineses

Preferência dos norte-americanos por itens locais já movimenta mercado interno dos EUA, diz especialista

Cerca de 70% dos norte-americanos preferem adquirir produtos e serviços manufaturados nos EUA – mesmo que paguem a mais por eles, aponta uma pesquisa do Conselho Carnegie de Ética em Assuntos Internacionais.

A mesma proporção de entrevistados defendeu que os EUA devem evitar a dependência excessiva da China. A maioria prefere pagar um valor mais alto por produtos que não violem direitos humanos de outros países.

“Com a pressão para reduzir a dependência da China e de outras democracias questionáveis, poderemos ver mais empresas anunciando produtos feitos em casa”, disse Nick Gvosdev, membro sênior do Conselho à revista “Forbes”.

Nos EUA, 7 em cada 10 preferem pagar mais que consumir produtos chineses
Mulheres andam em rua comercial de Los Angeles, EUA, em 8 de janeiro de 2021 (Foto: FMI/Jane Hahn)

Conforme Gvosdev, computadores produzidos no Texas poderão ser mais atraentes para empresas e indivíduos mesmo com o acréscimo da mão de obra local – ainda que muitos de seus componentes ainda venham da China.

Outra possibilidade é a troca de fornecedores offshore, caso as pressões políticas contra o país continuem. Young Liu, presidente do grupo Foxconn e um principais fornecedores da Apple, já previu o movimento.

Segundo ele, a guerra comercial entre EUA e China deve marcar o “fim do tempo do país como a fábrica do mundo”. A Foxconn já tem deslocado parte da produção para outros países da Ásia, como o Vietnã.

Cerca de um terço do que o grupo produz já vem de locais como a Índia e o sudeste asiático.

Mudança afeta o mercado

Conforme o CDI (Índice Kearney de Diversificação da China), embora o país continue sendo o principal centro de manufatura do mundo, o local já perdeu parte dos atrativos.

Em 2013, a China produziu cerca de 67% de todos os produtos manufaturados de origem asiática dos EUA. Seis anos depois, em 2019, a participação era de 56%.

Muito se deve ao aumento do custo da mão de obra e a padrões ambientais mais rígidos. Dos US$ 31 bilhões em importações de produtos que os EUA deixaram de receber da China, 46% veio do Vietnã – país visto, hoje, como uma “mini-China”.

Gvosdev prevê que Joe Biden promoverá novas parcerias com Europa, Índia e México. A ênfase deve ser semelhante ou um pouco menor que o plano “Made in America”, proposto por seu antecessor Donald Trump.

A pesquisa do Conselho Carnegie foi realizada entre fevereiro e agosto de 2020 com cerca de 500 norte-americanos.

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