ONU diz ao Conselho de Segurança para avaliar envio de força especializada ao Haiti

País sofre com a violência das gangues que impedem a circulação de pessoas, bens e ajuda humanitária

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, falou ao Conselho de Segurança na quarta-feira (21) sobre a situação no Haiti. E afirmou que é preciso avaliar a possibilidade de envio de força especializada para ajudar a lidar com os problemas enfrentados pela nação caribenha.

“Exorto todos os países com capacidade para fazê-lo a considerar urgentemente o pedido do governo haitiano de uma força armada internacional especializada para ajudar a restaurar a segurança e aliviar a crise humanitária”, disse ela.

O país vem sofrendo com a violência das gangues que impedem a circulação de pessoas, bens e ajuda humanitária. Além do ressurgimento do cólera, a insegurança alimentar aumentou em níveis altíssimos. Cerca de 155 mil haitianos estão deslocados e as crianças não podem ir à escola porque as aulas foram interrompidas.

Amina Mohammed afirma que o Haiti continua sendo uma prioridade para as Nações Unidas. Ela destaca que o país chega ao fim deste ano numa crise cada vez mais profunda, bem diferente da situação que viu quando visitou a ilha em fevereiro.

Segundo ela, a insegurança atingiu níveis sem precedentes e os abusos dos direitos humanos foram generalizados. As atividades de gangues armadas aumentaram, com assassinatos e estupros coletivos para aterrorizar e subjugar comunidades.

Mohammed chamou a atenção para a capital Porto Príncipe e outras regiões que vivem a pior emergência humanitária e de direitos humanos em décadas, o que impede qualquer oportunidade de desenvolvimento sustentável. E lembrou que as comunidades vulneráveis são as que mais sofrem. Cerca de 90% dos casos de cólera ocorrem em áreas que já registram altas taxas de desnutrição aguda grave.

Haitianos fogem da polícia em protesto em Porto Príncipe, novembro de 2020 (Foto: WikiCommons)
Violência sexual

A vice-secretária-geral condenou os diversos relatos de violência sexual por gangues armadas, que constam no relatório divulgado há dois meses.

Mohammed lembrou que as Nações Unidas continuarão a dar voz às mulheres e meninas que vivem em comunidades, controladas por gangues, e pedir justiça e responsabilidade para os perpetradores desses crimes hediondos.

Outro aspecto destacado por ela é a necessidade urgente de apoio e solidariedade internacional. Ela diz que é preciso mais ajuda da comunidade internacional e dos Estados-membros. E que é hora de intensificar e transformar a crise atual em uma oportunidade para o Haiti se recuperar mais forte.

Forças especializadas

Amina Mohammed apelou a todos os países com capacidade para considerar urgentemente o pedido do governo haitiano de uma força armada especializada internacional para ajudar a restaurar a segurança e aliviar a crise humanitária.

Segundo ela, o apelo do secretário-geral por apoio internacional à Polícia Nacional do Haiti, conforme expresso em sua carta de 8 de outubro.

A vice-secretária-geral da ONU acredita que há uma necessidade urgente de responder às necessidades mais imediatas. Mas que o Haiti também precisará de apoio internacional para enfrentar as causas estruturais desta crise e quebrar os ciclos que há tanto tempo dificultam seu desenvolvimento.

Para ela, o desenvolvimento inclusivo e sustentável é essencial por si só, e é também a melhor ferramenta de prevenção de crises da humanidade.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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