Otan amplia presença militar ao redor da Rússia, projeta maior investimento e termina 2023 fortalecida

Aliança militar ganhou o reforço da Finlândia, que se prepara para receber tropas dos EUA, e abriu caminho para ampliar o investimento em Defesa

A guerra da Ucrânia, desencadeada pela invasão das tropas russas em 24 de fevereiro de 2022, fortaleceu a unidade da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) neste ano, quando a aliança ganhou um novo membro, cobrou das nações aliadas um maior investimento em Defesa e ampliou a presença militar em torno da Rússia.

A preocupação com Moscou levou até a Alemanha a se movimentar, após anos de baixo investimento em Defesa e de cautela excessiva quando se trata de questões militares. Em novembro, o governo alemão deu um passo decisivo para ampliar seu orçamento militar e assim atingir a meta de 2% do PIB (produto interno bruto) estabelecida pela Otan, conforme reportou a agência Reuters.

Nesta semana, mais uma vez Berlim mostrou determinação em movimentar suas Forças Armadas ao firmar um pacto com a Lituânia. De acordo com a rede Deutsche Welle (DW), a partir de 2025 o governo alemão passará a enviar soldados a cidades lituanas, atingindo em 2027 o efetivo projetado de 4,8 mil combatentes.

Conforme observou a revista Newsweek, trata-se da primeira implantação estrangeira de tropas por parte da Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial, o que levou autoridades dos dois países europeus a classificarem o acordo como “histórico”.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, conversa com oficial do exército dos EUA (Foto: NATO/Flickr)
EUA do outro lado da fronteira

Se a presença de tropas ocidentais em um país próximo incomoda Moscou, a insatisfação é tanto maior com a informação de que os EUA passarão a ter acesso a 15 bases militares na Finlândia, país que em 2023 aderiu à Otan e deu à aliança uma posição privilegiada, vez que o território da nação escandinava compartilha uma fronteira de cerca de 1,34 mil quilômetros com a Rússia.

O acordo já foi acertado, de acordo com o site The Defense Post, faltando apenas o aval do parlamento finlandês. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da nação europeia, o pacto “fortalecerá a defesa da Finlândia porque permite a presença e o treino das forças dos EUA e o pré-posicionamento de material de defesa no território da Finlândia.”

Acordo semelhante foi firmado dias antes com a Suécia, que em 2024 pode se tornar igualmente membro da Otan, faltando para isso somente as aprovações de Turquia e Hungria. De acordo com o governo finlandês, acordos assim não beneficiam apenas o anfitrião, mas também “apoiam a implementação da dissuasão e defesa da Otan.”

Mais dinheiro

Outro passo decisivo dado pela aliança militar neste ano foi a projeção de um maior investimento em Defesa por seus membros, resposta à beligerância crescente da China e à agressão russa à Ucrânia.

Em maio de 2023, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, cobrou dos membros o aumento de seus gastos com as Forças Armadas. À época, ele destacou a necessidade de um acordo para que cada nação comprometesse um mínimo de 2% do PIB, como projeta a Alemanha.

Citando um relatório de 2021 da aliança militar, ele destacou que, dos 30 países-membros (31 incluindo a recém-integrada Finlândia), apenas sete atingiram a meta de alocar 2% do PIB para gastos com defesa antes do início do conflito entre Rússia e Ucrânia.

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