Dois parlamentares dos EUA estão pressionando três das maiores redes hoteleiras do país por utilizarem em seus sites e materiais promocionais a expressão “Taiwan, China”, que sugere que a ilha autogovernada seja controlada por Beijing. As informações são da Radio Free Asia (RFA).
O deputado John Moolenar, presidente do Comitê Seleto da Câmara sobre o Partido Comunista Chinês (PCC), e a senadora Marsha Blackburn enviaram na semana passada uma carta aos diretores-executivos das redes Hilton, Marriott e Hyatt. Eles exigem saber se o uso da terminologia atende a exigências de Beijing e alertam para os impactos da escolha de palavras.
“Usar uma terminologia como ‘Taiwan, China’ dá falsa credibilidade à posição da RPC (República Popular da China) de autoridade e soberania sobre Taiwan e implica que Taiwan é propriedade da RPC”, escreveram os parlamentares. Para eles, a prática contradiz a política oficial dos EUA e enfraquece “o sistema democrático de Taiwan”.

A carta menciona ainda a lei Taiwan Relations Act, aprovada em 1979 após o reconhecimento formal do governo chinês em Beijing. O texto serve de base para os laços não diplomáticos entre Washington e Taipé e destaca a importância da cooperação com a ilha para a segurança nacional e econômica dos EUA.
“Este relacionamento é da mais alta importância para a segurança econômica e nacional dos Estados Unidos, e o governo e o setor privado devem tomar medidas para reforçar e apoiar Taiwan, um dos nossos aliados mais importantes na região”, diz o documento.
A RFA verificou que, ao buscar hotéis em Taiwan nos sites das três redes, os resultados aparecem com a designação “Taiwan, China”. Segundo os parlamentares, outras empresas americanas com atuação internacional adotam corretamente a identificação de Taiwan como entidade separada de Beijing e deveriam servir de exemplo.
Por que isso importa?
Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.
Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.
Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.
A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.