Pentágono cita restrições financeiras que comprometem apoio militar à Ucrânia

Enquanto aguarda que o Congresso aprove um orçamento e possivelmente mais recursos para a luta da Ucrânia, EUA buscarão que os aliados continuem preenchendo essa lacuna

A fonte de ajuda parece ter secado em um momento crítico da crise: quase dois anos após a invasão russa ao território ucraniano, os Estados Unidos encontram-se com recursos limitados, alegando restrições financeiras que impedem o apoio crucial a Kiev na resistência, no caso, munições e mísseis, segundo informações da agência Associated Press.

Barreiras políticas internas têm resultado na retenção da assistência, levando o presidente Joe Biden a entrar com os bolsos vazios em uma reunião mensal na terça-feira (23) envolvendo cerca de 50 nações aliadas, encontro que esteve concentrado nas necessidades de longo prazo e com o objetivo de coordenar o apoio aos ucranianos.

O grupo foi estabelecido em abril de 2022 pelo secretário de Defesa Lloyd Austin. Enquanto aguarda a aprovação de mais verbas pelo Congresso para o combate na Ucrânia, Washington busca que os aliados preencham essa lacuna, especialmente fornecendo sistemas de defesa aérea e interceptadores. Austin, mesmo se recuperando de uma cirurgia de câncer de próstata, instou o grupo a intensificar esforços nesse sentido.

Pentágono, em Washington D.C, sede do Departamento de Defesa (Foto: Pixabay/12091)

Após a reunião, Celeste Wallander, secretária assistente de Defesa para Assuntos Internacionais, explicou aos repórteres que há relatos diretos do Ministério da Defesa da Ucrânia indicando que unidades na linha de frente estão com falta de munição.

Ela acrescentou os esforços estão sendo concentrados em “responder às perguntas do Congresso para que possam decidir sobre a aprovação da legislação necessária para fornecer ajuda.”

Em outubro, Biden solicitou cerca de US$ 61,5 bilhões para ajudar a fornecer armas à Ucrânia e repor os estoques dos EUA. No entanto, com os recursos para Kiev esgotados e o Congresso em impasse sobre políticas de segurança fronteiriças, Washington não conseguiu enviar a tão necessária assistência para o país invadido nos mesmos níveis dos últimos dois anos, explicou Celeste.

Mais de US$ 110 bilhões para Ucrânia e Israel estão bloqueados devido a tais discordâncias entre parlamentares e a Casa Branca sobre outras prioridades políticas, incluindo segurança na fronteira dos EUA com o México, onde alguns republicanos insistem em mudanças na política, particularmente no que diz respeito ao fluxo migratório, sendo isso condição para apoiar a ajuda.

A oposição republicana está cada vez mais ativa ao questionar a assistência destinada não apenas a Kiev e ao Estado judeu, mas também a Taiwan.

Enquanto Kiev espera pelas decisões do Congresso, os aliados europeus estão adotando medidas adicionais para apoiar o país.

Em Bruxelas, o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, anunciou um contrato de US$ 1,2 bilhão para adquirir mais de 222 mil projéteis de munição de 155 mm. Essa medida visa repor os estoques de aliados que contribuíram com seus próprios suprimentos para Kyiv.

Vulnerabilidade

Além de munições, a Ucrânia precisa urgentemente de projéteis de artilharia e interceptores para se defender de drones e mísseis russos, já que Moscou percebeu essa vulnerabilidade e intensificou os ataques. Como exemplo, recentemente, as forças do Kremlin lançaram 41 mísseis contra cidades ucranianas, conforme relatado pela força aérea de Kiev.

As defesas aéreas da Ucrânia conseguiram derrubar pelo menos 21 mísseis, mas os ataques causaram ferimentos a pelo menos 20 pessoas em quatro áreas da capital.

O mais recente envio de armas dos EUA para a Ucrânia foi divulgado quase um mês atrás, em 27 de dezembro. Esse pacote incluiu um montante de 250 milhões de dólares em artilharia, sistemas de defesa aérea e outros armamentos e equipamentos.

A Ucrânia não consegue ver o final da guerra contra a Rússia no horizonte, e a perspectiva de um conflito prolongado deve forçar o país a ampliar o efetivo de suas Forças Armadas. Os líderes militares ucranianos deixaram isso claro em dezembro, ao solicitarem ao presidente Volodymyr Zelensky o recrutamento de algo entre 450 mil e 500 mil novos combatentes.

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