Por ‘corrupção’, EUA corta ajuda militar a centro-americano El Salvador

Relação bilateral esfriou após acusações de que presidente salvadorenho teve envolvimento com gangues

Uma resolução da ala democrata do Congresso dos EUA culminou no corte da ajuda militar a El Salvador, pequeno país na América Central. A medida está em vigor desde o dia 1 e seria uma resposta a alegações de corrupção no país, informou a Associated Press.

A decisão faz parte da lei orçamentária deste ano, assinada pelo presidente Donald Trump em 27 de dezembro. Uma cláusula do documento proíbe o acesso a um financiamento do Departamento de Estado para a aquisição de equipamentos de defesa norte-americanos.

O presidente Nayib Bukele, acusado de tomar medidas autoritárias em seu governo tentou dissuadir os líderes norte-americanos. Não teve sucesso.

Em combate à corrupção, EUA corta ajuda militar a El Salvador
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo (esq.) e o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, em encontro em Washington, em julho de 2019 (Foto: State Department/Ron Przysucha)

Desde agosto, Bukele tenta melhorar sua imagem em Washington. O presidente salvadorenho chegou a contratar o lobby de três empresas norte-americanas após escândalos que apontavam seu envolvimento com o grupo criminoso MS-13, que age nos EUA, e perseguição a dissidentes e jornalistas.

Apesar de não afetar recursos para o combate do narcotráfico, fornecidos pelo Pentágono, a medida esfria as relações dos países da América Central com os EUA.

Washington garante ajuda militar a países como Israel, Egito e pelo menos outros dez países em um montante que chega a US$ 5,6 bilhões. Desde 2016, El Salvador havia recebido cerca de US$ 15 milhões – em 2020, foi apenas US$ 1,9 milhão.

A proibição também foi estendida aos vizinhos Honduras e Guatemala. Os últimos auxílios para os dois países receberam foram pagos pelos EUA ainda em 2018.

Decisão controversa, diz embaixadora

A atual embaixadora dos EUA no país, Milena Mayorga, classificou o movimento como “contraditório”. “É uma redução que contraria décadas de estreita cooperação militar entre os países”, disse.

Segundo ela, El Salvador foi um dos poucos países latino-americanos a participar da coalizão liderada pelos EUA na invasão do Iraque, em 2003.

Além disso, o aeroporto internacional do país é um dos poucos usados pelas Forças Armadas dos EUA em missões anti-drogas de toda a América Latina. “Seria vital que reconsiderassem”, disse em entrevista à AP. “Você sempre precisará comprar ferramentas para combater a insegurança”.

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