Referendo na Suíça decidirá veto a financiamento de fabricantes de armas

Referendo está previsto para domingo (29); 'neutra', Suíça tem US$ 11 bi em empresas do setor bélico

Os eleitores da Suíça devem ir às urnas no domingo (29) para decidir se haverá proibição do financiamento a fabricantes de armas com os recursos do país. As informações são da Reuters.

Bancos suíços concedem empréstimos e detêm ações de quase US$ 11 bilhões em empresas de armamento militar, como as norte-americanas Lockheed Martin, Northrop Grumman e General Dynamics.

A proposta de referendo veio de ativistas, que coletaram 12 mil assinaturas para dar início ao processo. Os manifestantes argumentam que a Suíça, por sua política histórica de neutralidade, erra ao lucrar com material de guerra.

Suíça vai às urnas para decidir sobre veto a financiamento de fabricantes de armas
Jato F-16 construído pela empresa norte-americana Lockheed Martin Corporation em julho de 2017 (Foto: CreativeCommons)

O Swiss National Bank e o Credit Suisse se opuseram à iniciativa. As instituições são as que mais possuem financiamentos diretos ou indiretos na indústria bélica.

Os dois bancos alegam que, se aceita, a proibição enfraquecerá a Suíça como local de negócios e restringirá “desnecessariamente” outros fundos de pensão, bancos e seguradoras.

O lucro com a guerra

Além do investimento em empresas estrangeiras, a Suíça também produz e exporta armas. Em 2019, o país exportou armamentos para 71 países, no valor de 727,9 milhões de francos suíços – o equivalente a R$ 4,2 bilhões.

Estima-se que a indústria de armas da Suíça reúna três mil empresas e empregue 50 mil funcionários. Assim como o setor, o próprio governo do país se opõe à proibição.

Na pesquisa de intenções de voto de novembro, 50% dos entrevistados se diziam favoráveis ao veto ao financiamento, enquanto 45% mostram-se contrários.

Este é o mais recente referendo anti-militar no país, que não luta uma guerra externa há pelo menos 200 anos. Em 1989, os eleitores rejeitaram a abolição do Exército e, em 2014, a maioria foi contrária à compra de caças de guerra Gripen.

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