Vladimir Putin está convencido de que alcançará uma “vitória definitiva” na guerra contra a Ucrânia, mesmo com a Rússia participando de negociações de paz mediadas por Washington. A avaliação consta de um relatório da Agência de Inteligência de Defesa (DIA, na sigla em inglês) dos EUA entregue ao Congresso norte-americano. As informações são do jornal Kyiv Post.
O documento, datado de 11 de maio de 2025, indica que o presidente russo encara o conflito como uma “luta existencial contra o Ocidente” e vê a guerra como uma oportunidade de restaurar o prestígio e a influência global que, segundo ele, a Rússia perdeu com o colapso da União Soviética em 1991.
Ainda que Moscou tenha se engajado em negociações com os Estados Unidos e outros líderes internacionais, a DIA afirma que Putin está “quase certamente comprometido com a vitória na Ucrânia” e que seus objetivos estratégicos se mantêm “praticamente inalterados” desde o início da invasão em larga escala, em fevereiro de 2022.

Na semana passada, o próprio presidente dos EUA, Donald Trump, reforçou essas preocupações ao afirmar, em conversa privada com líderes europeus, que Putin não tem intenção de encerrar o conflito e acredita estar em vantagem. Segundo o Wall Street Journal, participaram da ligação o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Friedrich Merz.
Para que um acordo de paz seja selado, Putin exige que a Ucrânia desista de ingressar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e retire completamente suas forças militares das regiões de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhya e Kherson. Para atingir esses objetivos, de acordo com a DIA, o líder russo está disposto a manter o uso da força “pelo menos até o fim de 2025”.
O relatório destaca que, apesar das perdas expressivas desde o início da guerra — incluindo mais de dez mil veículos de combate terrestre, três mil tanques, quase 250 aeronaves e helicópteros, além de mais de dez embarcações navais —, Moscou ainda representa uma ameaça significativa em outras frentes. Estimativas americanas apontam que mais de 700 mil soldados russos foram mortos ou feridos no conflito.
Mesmo com a capacidade militar tradicional reduzida, a inteligência dos EUA alerta que a Rússia continua “plenamente capaz de empregar meios assimétricos contra os Estados Unidos e seus aliados, incluindo campanhas de desinformação e ataques cibernéticos”.
A ofensiva digital também mira a Europa. Um relatório recente do Centro Nacional de Cibersegurança do Reino Unido identificou tentativas russas de invadir sistemas de vigilância em países como a Polônia, com o objetivo de comprometer a logística de ajuda ocidental à Ucrânia.
A DIA conclui que Putin pretende seguir com uma “estratégia de desgaste ao menos até o fim do ano”, confiando na capacidade da Rússia de resistir por mais tempo do que os recursos ucranianos e a disposição política das potências ocidentais.