Quase metade do Haiti passa fome, alerta novo relatório de segurança alimentar

FAO fez um apelo por US$ 61,7 milhões, valor que ajudaria 700 mil pessoas a melhorarem seu acesso aos alimentos

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

Um total de 4,9 milhões de pessoas no Haiti, número que equivale a quase metade da população do país, está enfrentando altos níveis de insegurança alimentar aguda, de acordo com um novo relatório apoiado pela ONU (Organização das Nações Unidas).

A mais recente análise integrada da classificação da fase de segurança alimentar (IPC) informou no domingo (28) que, do número total de pessoas afetadas, 1,8 milhão está em uma fase de necessidade de emergência.

Isso significa que as famílias enfrentam grandes lacunas no consumo de alimentos, resultando em alta desnutrição aguda e mortalidade excessiva, ou são forçadas a adotar mecanismos negativos de enfrentamento para cobrir as necessidades alimentares, como vender bens ou comer sementes em vez de plantá-las, aumentando sua vulnerabilidade, de acordo com a Organização para Agricultura e Alimentação (FAO), um dos parceiros globais do relatório.

Com 75% da população do Haiti vivendo em áreas rurais, são necessárias medidas urgentes para salvar vidas e restaurar rapidamente os meios de subsistência agrícolas de agricultores vulneráveis, alertou a FAO.

Crianças haitianas recebem agua potável, agosto de 2021 (Foto: Georges Harry Rouzier/Unicef)
Apoio aos produtores

O relatório exemplifica como o investimento pode mudar a situação. Por exemplo, investir US$ 125 em uma embalagem de sementes de hortaliça pode render 20 vezes seu valor na produção de hortaliças, permitindo que as famílias tenham acesso a alimentos e gerem renda com a venda de parte do produto obtido, segundo o órgão.

Sob o Plano de Resposta Humanitária de 2023, a FAO apela por US$ 61,7 milhões para ajudar 700 mil pessoas a melhorar seu acesso aos alimentos. As atividades se concentrarão no fornecimento de insumos agrícolas, como sementes e fertilizantes, para aumentar a produção de alimentos básicos e vegetais durante as estações de primavera e inverno de 2023, bem como proteger os ativos pecuários, por meio do fornecimento de aves e cabras, além de vacinas e tratamento veterinário.

Pontos críticos da fome

A insegurança alimentar aguda deve aumentar em magnitude e gravidade em 18 “pontos críticos” da fome em todo o mundo, de acordo com um novo relatório da FAO e do Programa Mundial de Alimentos (PMA) publicado na segunda-feira (29).

O relatório constatou que muitos pontos críticos estão enfrentando fome crescente e destaca o preocupante efeito multiplicador que choques simultâneos e sobrepostos estão tendo na insegurança alimentar aguda. Conflitos, extremos climáticos e choques econômicos continuam levando cada vez mais comunidades à crise.

O relatório alertou que Burkina Faso e Mali, Sudão e Haiti foram elevados aos níveis mais altos de preocupação.

“Todos os pontos críticos no nível mais alto têm comunidades que enfrentam ou estão projetadas para enfrentar a fome ou correm o risco de deslizar para condições catastróficas, uma vez que já apresentam níveis emergenciais de insegurança alimentar e enfrentam graves fatores agravantes”, disse o PMA. “Esses pontos críticos requerem atenção mais urgente.”

Tags: