Senador dos EUA projeta intervenção da Otan em caso de ataque nuclear à Ucrânia

Lindsey Graham reagiu a fala do ex-presidente Dmitry Medvedev, que de novo usou o arsenal russo para ameaçar o Ocidente

O senador norte-americano Lindsey Graham, do Partido Republicano, disse na segunda-feira (31) que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) interviria militarmente em caso de um ataque nuclear da Rússia à Ucrânia. A manifestação foi uma reação a fala do ex-presidente russo Dmitry Medvedev, que um dia antes ameaçou usar a opção extrema como resposta à atual contraofensiva de Kiev.

“Aos meus amigos russos que falam sobre o uso de armas nucleares na Ucrânia: vocês precisam entender que isso seria um ataque à própria Otan, dada a proximidade da Ucrânia com o território da Otan”, disse Graham através do Twitter. “É hora de ficar sóbrio, perceber que sua bárbara invasão da Ucrânia não está funcionando, retirar-se e salvar muitos jovens russos de uma morte sem sentido”, prosseguiu.

A declaração de Graham surgiu um dia após mais uma fala ameaçadora de Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia. No domingo (30), ele voltou a bravatear, como já se tornou habitual, usando o arsenal nuclear russo como argumento. Segundo a rede CNN, ele se manifestou através de sua página no aplicativo de mensagens Telegram.

“Imaginem que a ofensiva, em parceria com a Otan, deu certo e acabou com a retirada de parte do nosso território. Então, teríamos que usar armas nucleares em virtude das estipulações do Decreto Presidencial Russo”, disse o ex-presidente da Rússia, que ocupou o cargo entre 2008 e 2012 e hoje é um importante aliado de Vladimir Putin.

Medvedev prosseguiu: “Simplesmente não haveria outra solução. Nossos inimigos devem rezar para que nossos combatentes não permitam que o mundo seja destruído por chamas nucleares”, declarou, em referência à possibilidade de Kiev retomar territórios atualmente ocupados por Moscou.

As ameaças nucleares do ex-chefe do Kremlin têm sido frequentes. Em julho do ano passado, ele disse que a posição ocidental pró-Kiev “potencialmente representa uma ameaça à existência da humanidade“, acrescentando que “punir um país que tem um dos maiores potenciais nucleares é absurda.”

Mais tarde, em novembro, voltou à carga, dizendo que a Otan se tornaria um “alvo legítimo” de Moscou caso fornecesse à Ucrânia o sistema norte-americano de defesa antiaérea Patriot. Que foi de fato entregue pelos EUA, sem uma reação mais dura da Rússia.

Lindsey Graham, senador dos EUA pelo Partido Republicano (Foto: reprodução de vídeo/Twitter pessoal)

Atento às frequentes referências feitas por autoridades russas a seu arsenal nuclear e à possibilidade de que seja usado na Ucrânia, Graham, junto do senador democrata Richard Blumenthal, apresentou em junho uma resolução dizendo que qualquer ataque nuclear russo à Ucrânia seria também um ataque à Otan.

“Esta resolução destina-se a enviar uma mensagem a Vladimir Putin e seus militares: eles serão destruídos se usarem armas nucleares táticas ou se destruírem uma usina nuclear de uma forma que ameace as nações vizinhas da Otan”, disse Blumenthal na época, de acordo com o site The Hill

A intervenção militar da aliança, nesse caso, seria inevitável, como prevê seu artigo 5º. Diz o texto legal que, se um aliado da Otan for vítima de um ataque armado, todos os outros membros considerarão tal ato como um ataque contra toda a aliança, tomando então as medidas que considerarem necessárias.

O território ucraniano faz fronteira com quatro países da aliança militar transatlântica, Polônia, Hungria, Romênia e Eslováquia.

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