Soldado afegão que fugiu do Taleban e foi detido na fronteira EUA-México ganha asilo

Departamento de Justiça norte-americano permitiu que Abdul Wasi Safi viva com seu irmão na cidade de Houston

Quase um ano após a detenção do ex-oficial de inteligência afegão Abdul Wasi Safi na fronteira entre os EUA e o México, no Estado do Texas, o Departamento de Justiça concedeu a ele asilo na terça-feira (12). Agora, ele tem permissão para morar em Houston com seu irmão, Sami-ullah Safi, que compartilhou a notícia na quarta (13). As informações são da agência Associated Press.

Safi, de 27 anos, faz parte de um grande grupo de cidadãos afegãos que buscaram refúgio nos Estados Unidos após a retirada das forças americanas em julho de 2021 da base militar de Bagram, que durante vinte anos foi o centro do poder militar de Washington e de seus aliados no Oriente Médio.

Juntamente com seu irmão mais velho, ele temia que, caso não obtivesse asilo nos Estados Unidos, correria o risco de ser deportado de volta ao país natal. Nessa situação, ele enfrentaria a ameaça iminente do Taleban, que o consideraria um alvo devido ao seu passado de colaboração com as forças militares dos EUA.

Abdul Wasi Safi à época que servia o exército afegão (Foto: Redes sociais/Reprodução)

Os irmãos Safi usam o termo “colapso” para descrever a rápida tomada de controle pelos talibãs em seu país de origem quando os últimos aviões partiram de Cabul, marcando o fim da presença de Washington por lá.

Em uma jornada angustiante que envolveu viagens de avião, táxi e a pé, que incluiu o Brasil, Wasi conseguiu se encontrar com seu irmão mais velho, Sami, de 30 anos, em Houston, após atravessar dez países. Ele esperava ser bem recebido nos EUA, mas, em vez disso, passou meses em centros de detenção no Texas. Sua libertação ocorreu no início deste ano, após receber atenção da mídia e apoio significativo da congressista democrata pela Texas Sheila Jackson-Lee.

“Tenho lágrimas de alegria nos olhos”, disse Sami Safi. “Agora ele pode morar aqui. Agora ele pode estar seguro aqui.”

De acordo com o Departamento de Segurança Interna dos EUA, quase 90 mil afegãos que desempenharam papéis como tradutores e em outras funções ao lado de soldados americanos desde 2001 conseguiram chegar aos Estados Unidos em aviões militares após a caótica retirada. Enquanto isso, a Lei de Ajuste Afegão, uma proposta legislativa destinada a acelerar o processo de imigração para esses afegãos, encontra-se paralisada no Congresso.

Ex-funcionários afegãos executados

Desde a tomada de poder pelo Taleban no Afeganistão, ocorreram ao menos 800 casos de abusos de direitos humanos contra ex-funcionários do governo afegão ou ex-integrantes das forças de segurança nacionais. Os números constam de um relatório divulgado no dia 22 de agosto pela Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama, na sigla em inglês), como mostrou reportagem de A Referência.

No relatório de 16 páginas, a ONU (Organização das Nações Unidas) documenta mais de 200 execuções extrajudiciais, bem como prisões e detenções arbitrárias, tortura e maus-tratos e desaparecimentos forçados perpetrados contra “indivíduos filiados ao antigo governo da República Islâmica do Afeganistão e suas forças de segurança.”

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