Todos os países de língua portuguesa caíram no ranking do desenvolvimento humano

Índice vinha aumentando ano a ano até 2020, quando esse cenário mudou, registrando-se agora uma estagnação inédita em 32 anos

A ONU (Organização das Nações Unidas) publicou nesta quinta-feira (8) o Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022. A publicação, intitulada “Tempos incertos, vidas instáveis: Construir o futuro num mundo em transformação”, observa uma reversão de cinco anos no progresso em todo o mundo. Inclusive nos países de língua portuguesa, sendo que todos caíram no ranking.

Pedro Conceição, diretor do Escritório de Desenvolvimento Humano, destacou que entre 1990, quando foi lançado, até 2019, o índice sempre aumentou. Nos últimos anos, porém, esse cenário mudou, com uma estagnação inédita em 32 anos.

“Em 2020 e em 2021, pela primeira vez, decaiu a nível global. Todos os anos há alguns países em que o desenvolvimento humano cai normalmente, um em cada dez. Nos últimos dois anos, no período 2020 a 2021, nove em cada dez países viram uma queda do Índice de Desenvolvimento Humano”, disse ele.

A análise considera variáveis como saúde, educação e rendimento médio de uma nação. Pela primeira vez, a Suíça lidera o ranking de desenvolvimento humano graças ao aumento da expectativa de vida e à recuperação de sua renda per capita após o fim de todas as restrições da Covid-19.  

No top dez estão Noruega, Islândia, Hong Kong na China, Austrália, Dinamarca, Suécia, Irlanda, Alemanha e Holanda.

Entre os países de língua portuguesa, Portugal está na posição 38. Segue-se o Brasil, em 87º, Cabo Verde, em 128º, São Tomé e Príncipe, 138º, e Timor-Leste, 140º da lista. Na posição 148 do índice está Angola, seguida pela Guiné-Bissau, na posição 177, e Moçambique, 185º colocado na classificação.  

O autor da pesquisa disse que, nas nações lusófonas, as razões para a queda do desenvolvimento humano divergem, mas a tendência é global. “Por exemplo, no Brasil, em Cabo Verde e em Moçambique, o fator principal na queda do Índice de Desenvolvimento Humano foi o decréscimo na esperança média de vida, que decresceu quase dois anos”, afirmou.

Venda de frutas à beira do rio Tapajós, perto de Santarém, no Pará (Foto: UN Photo/Eskinder Debebe)

O relatório recomenda aos países que implementem políticas com foco no investimento em três áreas essenciais: energia renovável, preparação para pandemias e seguridade, incluindo a proteção social. O objetivo é organizar as sociedades para os altos e baixos de um mundo com incertezas. 

O documento ressalta que a inovação nas vertentes tecnológica, econômica e cultural também pode desenvolver capacidades para responder a quaisquer desafios que venham a surgir.

As conclusões sobre dimensões-chave do desenvolvimento humano como uma vida longa e saudável, acesso à educação e um padrão de vida digno incluem cálculos sobre esperança de vida ao nascer, média de anos de escolaridade, expectativa de anos de escolaridade e rendimento nacional bruto per capita.

Em termos regionais, houve declínios acentuados na América do Sul, na África Subsaariana e no Sul da Ásia.  Entre os maiores fatores para as quedas na classificação global destaca-se a série de restrições na pandemia. Outras razões foram eventos extremos como secas e inundações recordes em 2021, declarado como o ano mais quente já registrado.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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