Wall Street deve excluir empresas chinesas em até três anos, afirma especialista

Com a guerra pela influência global entre os países a todo vapor, o fim da linha dos ativos asiáticos em Wall Street deverá ocorrer até 2024

“Fim de jogo”. Foi com essas palavras que o executivo do TWC Group, David Loevinger, classificou o futuro das companhias chinesas listadas na bolsa de valores dos Estados Unidos. Segundo ele, com a guerra pela influência global entre os dois países, o fim da linha para os ativos asiáticos em Wall Street deve chegar em três anos, período necessário para que as empresas sejam excluídas dos mercados de capitais dos EUA, segundo a rede CNBC.

“Acho que, para muitas empresas chinesas listadas nos mercados dos EUA, é essencialmente o fim de jogo”, disse Loevinger, diretor-gerente de pesquisa soberana de mercados emergentes do TCW. “Este é um problema que persiste há 20 anos e não fomos capazes de resolver”.

Para Loevinger, com a crescente tensão entre Washington e Beijing e o nível de desconfiança entre os dois governos, o relacionamento bilateral não tem grandes perspectivas de melhora em curto prazo. “Não há como resolver isso nos próximos anos”, prevê o especialista.

Garota em uma bicicleta da Didi, gigante chinesa de tecnologia de mobilidade que já anunciou retirada da bolsa de NY (Foto: WikiCommons)

“Então, a realidade é, eu acho, em 2024, a maioria das empresas chinesas relacionadas nas bolsas dos Estados Unidos não será mais listada no país. A maioria vai gravitar de volta para Hong Kong ou Xangai”, disse ele.

Loevinger observa que, quando uma empresa sai de uma bolsa como a Nasdaq ou a Bolsa de Valores de Nova York, ela perde o acesso a um amplo pool de compradores, vendedores e intermediários.

Mesmo assim, o processo de retirada já teve início. A gigante chinesa de tecnologia de mobilidade Didi, dona do transporte por aplicativo 99 e operadora do Uber, que abriu seu capital há somente seis meses, declarou que irá começar a sair da bolsa nova-iorquina, planejando listar suas ações em Hong Kong.

O anúncio não agradou reguladores chineses, que manifestaram descontentamento com a decisão da retirada da Didi antes de resolver pendências relacionadas à segurança cibernética. Os executivos da empresa foram orientados a apresentarem um plano de remoção da lista dos EUA por conta de preocupações com o vazamento de dados.

Outras gigantes chinesas tomaram o caminho da dupla listagem em Hong Kong, como a do comércio eletrônico Alibaba, sua rival JD.com, a do mecanismo de busca Baidu, a empresa de jogos NetEase e a rede social Weibo.

Segundo Loevinger, a saída da Didi marcou o ponto de inflexão atingido. “Só não acho que o governo da China vai permitir que os reguladores dos EUA tenham acesso irrestrito aos documentos de auditoria interna das empresas chinesas”, disse, acrescentando: “E se os reguladores dos EUA não podem ter acesso a esses documentos, eles não podem proteger os mercados dos EUA de fraudes”, acrescentou.

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