EUA sancionam mais empresas da China acusadas de patrocinar abusos em Xinjiang

Companhias teriam usado tecnologias dos EUA em aplicações militares que servem para vigilância e outros abusos contra a minoria étnica dos uigures

O governo dos Estados Unidos anunciou na quinta-feira (16) a inclusão de uma nova série de empresas da China na lista de restrições do Departamento de Comércio norte-americano, por suposta relação com os abusos cometidos na região de Xinjiang. São companhias acusadas de implantar biotecnologia e outras tecnologias em aplicações militares usadas na vigilância e nos demais abusos cometidos contra a minoria étnica dos uigures.

“A busca científica por biotecnologia e inovação médica pode salvar vidas. Infelizmente, a PRC (República Popular da China, da sigla em inglês) está escolhendo usar essas tecnologias para buscar o controle sobre seu povo e a repressão de membros de grupos étnicos e religiosos minoritários”, diz o texto do órgão.

De acordo com a secretária de Comércio dos EUA, Gina M. Raimondo, as empresas sancionadas usam commodities, tecnologias e softwares dos EUA desenvolvidos para “apoiar a ciência médica e a inovação biotécnica”, mas que nas mãos dos chineses acabam sendo “desviados para usos contrários à segurança nacional dos EUA”.

As sanções restringem a exportação, a reexportação e a transferência de itens para indivíduos, organizações e empresas listados.

EUA sancionam novas empresas chinesas acusadas de patrocinar abusos em Xinjiang
Criança uigur em mercado de Hotan, região de Xinjiang (Foto: Wikimedia Commons)

Por que isso importa?

A comunidade uigur é uma minoria muçulmana de raízes turcas que habita a região autônoma de Xinjiang, no noroeste da China. A província faz fronteira com países da Ásia Central, com quem divide raízes étnicas e linguísticas.

Os uigures, cerca de 11 milhões, enfrentam discriminação da sociedade e do governo chinês e são vistos com desconfiança pela maioria han, que responde por 92% dos chineses. Denúncias dão conta de que Beijing usa de tortura, esterilização forçada, trabalho obrigatório e maus tratos para realizar uma limpeza étnica e religiosa em Xinjiang.

Estimativas apontam que um em cada 20 uigures ou cidadãos de minoria étnica já passou por campos de detenção de forma arbitrária desde 2014.

O governo de Joe Biden, nos EUA, foi o primeiro a usar o termo “genocídio” para descrever as ações da China em relação aos uigures. Em seguida, Reino Unido e Canadá também passaram a usar a designação, e mais recentemente a Lituânia se juntou ao grupo.

A China nega as acusações de que comete abusos em Xinjiang e diz que as ações do governo na região têm como finalidade a educação contraterrorismo, a fim de conter movimentos separatistas e combater grupos extremistas religiosos que eventualmente venham a planejar ataques terroristas no país. .

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirma que o trabalho forçado uigur é “a maior mentira do século”. “Os Estados Unidos tanto criam mentiras quanto tomam ações flagrantes com base em suas mentiras para violar as regras do comércio internacional e os princípios da economia de mercado”, disse ele.

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