EUA acusam Irã de estimular ataques e têm tropas em alerta máximo no Oriente Médio

Grupos apoiados por Teerã receberam a promessa de que não serão punidos em caso de hostilidades contra forças norte-americanas

As tropas dos Estados Unidos estacionadas no Oriente Médio estão em alerta máximo para eventuais ataques. Uma advertência lançada pelos serviços de inteligência de Washington atribui a ameaça a milícias apoiadas pelo Irã, que estariam sendo estimuladas a agir contra instalações ocupadas por militares norte-americanos.

Os ataques não chegam a ser novidade no Oriente Médio, mas dados coletados pela inteligência indicam que eles podem se tornar mais frequentes e intensos em função do apoio dos EUA a Israel no conflito com o Hamas, inclusive com o aumento da presença militar norte-americana na região.

“Luzes vermelhas estão piscando por toda a parte”, disse uma autoridade estatal ouvida pela rede CNN, cuja identidade foi mantida em sigilo.

Na avaliação dos serviços de inteligência, o Irã tem estimulado as milícias aliadas a agirem conta as forças de Washington e assegura a elas que, caso o façam, não sofrerão qualquer tipo de represália, mesmo que isso venha a criar problemas para Teerã.

Helicóptero e embarcação das forças armadas dos EUA (Foto: facebook.com/USarmy)

Segundo Jorhn Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, há uma “uma ligação muito direta entre estes grupos” e a Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), instituição militar oficial do Irã. Ele informou, ainda, que os ataques contra as posições norte-americanas já aumentaram.

Embora apoie ativamente tais grupos, o Irã não mantém controle sobre eles, o que invariavelmente leva a ações não aprovadas por Teerã. Agora, porém, a situação é diferente, e a República Islâmica teria dado carta branca aos rebeldes. Assim, eventuais reprimendas, como o corte no fornecimento de armas por parte do governo iraniano, estão fora de cogitação.

“Sabemos que o Irã está monitorando de perto estes acontecimentos e, em alguns casos, facilitando ativamente estes ataques e estimulando outros que possam querer explorar o conflito para o seu próprio bem, ou para o do Irã”, disse Kirby, segundo a agência Reuters. “Estamos profundamente preocupados com o potencial de qualquer escalada significativa destes ataques nos próximos dias.”

Uma fonte dentro do governo norte-americano citou o exemplo dos recentes ataques de drones contra bases dos EUA no Oriente Médio, dizendo que o Irã é “certamente mais culpado” em tais episódios do que propriamente no ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro, que desencadeou o conflito.

Na segunda-feira (23), o Pentágono, Departamento de Defesa dos EUA, disse que foram derrubados dois drones que tentavam realizar um ataque contra instalações na Síria ocupadas por forças norte-americanas, conforme relatou o site The Defense Post.

“Sabemos que o objetivo do Irã é manter algum nível de negação aqui, mas não vamos permitir que façam isso”, disse Kirby. “Também não vamos permitir que qualquer ameaça aos nossos interesses na região permaneça incontestada.”

Para minimizar os riscos, os militares adotaram algumas medidas preventivas, segundo a Reuters. Entre elas, o aumento das patrulhas, a restrição de acesso às instalações usadas pelas forças norte-americanas e a intensificação das missões de coleta de informações através de drones e outros meios.

“Com o aumento no número de ataques e tentativas de ataques a locais militares dos EUA, a revisão contínua das nossas medidas de proteção da força é crítica”, disse o general Michael Kurilla, chefe do Comando Central (CENTCOM, na sigla em inglês) das forças armadas dos EUA.

Atualmente, os Estados Unidos mantêm cerca de 2,5 mil militares no Iraque e 900 na Síria. Devido ao aumento da tensão proveniente do conflito Hamas-Israel, o presidente Joe Biden deslocou dois porta-aviões e cerca de dois mil fuzileiros navais para o Golfo Pérsico.

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