Irã ajudou a planejar ataque contra Israel por meses, dizem fontes ligadas a grupos radicais

Guarda Revolucionária Islâmica teria trabalhado com o Hamas desde agosto para planejar a ofensiva do último sábado

O Irã teria colaborado com o grupo radical palestino Hamas no planejamento do ataque ocorrido no sábado (7) contra Israel, que resultou em centenas de mortes, evento que está sendo comparado ao “11 de Setembro“. O sinal verde para a ofensiva teria sido dado por membros importantes do Hamas e do Hezbollah, outro grupo apoiado por Teerã, durante reunião em Beirute, no Líbano, na semana passada.

Segundo relato de altos membros dos grupos radicais feito ao Wall Street Journal (WSJ), funcionários da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) do Irã, a elite das forças armadas do país, trabalharam em colaboração com o Hamas desde agosto para planejar uma ofensiva abrangente contra Tel Aviv, envolvendo terra, ar e mar.

De acordo com as fontes, o ataque a Israel, o mais grave no Estado judeu desde a Guerra do Yom Kippur, em 1973, foi planejado em várias reuniões realizadas em Beirute. Nesses encontros, estiveram presentes funcionários da IRGC e representantes de quatro grupos terroristas apoiados pelo Irã, incluindo o Hamas e o Hezbollah.

O Hamas governa a Faixa de Gaza, enquanto o Hezbollah é um grupo terrorista xiita que também atua como uma facção política no Líbano.

Soldado da Guarda Revolucionária Islâmica em foto de 2022 (Foto: WikiCommons)

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, participou de pelo menos duas dessas conversas nos últimos dois meses, garantiram os membros do Hamas e do Hezbollah.

O planejamento do ataque a Israel ocorreu enquanto o país estava envolvido em disputas políticas relacionadas ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Além disso, a investida armada tinha como objetivo interromper as negociações mediadas pelos EUA para normalizar as relações entre a Arábia Saudita e Israel, que o Irã considerava uma ameaça, relatou a publicação.

Os militares iranianos tinham um plano abrangente que visava ameaçar Israel de várias maneiras, cercando o inimigo por todos os lados. Para isso, eles contavam com a ajuda do Hezbollah e da Frente Popular para a Libertação da Palestina no norte, e também com a colaboração da Jihad Islâmica Palestina e do Hamas em Gaza e na Cisjordânia, conforme relatado pelos membros dos grupos radicais, bem como por um oficial iraniano.

Washington não confirma envolvimento iraniano

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou no domingo à rede CNN que, até o momento, não há evidências que comprovem que o Irã tenha dirigido ou esteja por trás deste ataque específico. No entanto, ele reconheceu a existência de uma longa relação entre as partes.

Um outro alto funcionário norte-americano reforçou essa declaração, afirmando que Washington não possui informações neste momento que confirmem o relato sobre o envolvimento do Irã na ofensiva do fim de semana.

Se for confirmado que o Irã está diretamente envolvido, isso pode aumentar ainda mais as tensões em uma região já muito instável.

Embora a delegação iraniana na ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, não tenha respondido ao pedido de comentários enviado pelo WSJ, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, elogiou os ataques em uma postagem na plataforma X, antigo Twitter.

Khamenei escreveu: “O regime sionista será eliminado pelas mãos do povo palestino e pelas forças da Resistência em toda a região”. Também disse que a “juventude palestina e o movimento palestino estão mais enérgicos, mais vivos e mais preparados do que nunca durante os últimos 80 anos”.

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