A economia da China está indo de encontro a um grande muro, segundo especialista

Especialista prevê declínio econômico no país semelhante ao que atingiu em cheio os EUA em 2008

Nos EUA, foi um colapso habitacional que resultou na queda mais profunda desde a Grande Depressão: a crise financeira de 2008, que começou em razão da especulação imobiliária no país. Agora, um proeminente economista internacional prevê que a China sofrerá um desastre de contornos semelhantes aos que causaram o derretimento dos norte-americanos, prometendo ser ainda pior. As informações constam de um artigo da revista Fortune.

Quem sustenta tal previsão distópica é Robert Z. Aliber, professor aposentado da Booth School of Business da Universidade de Chicago. Ele observa que a China desfrutou de quatro décadas de “brilhantes conquistas econômicas” que levaram 300 a 400 milhões de seus cidadãos de áreas rurais a trocar seus bucólicos endereços no campo por gigantescos prédios em suas cidades, quase 70 dos quais com uma população de mais de 1 milhão de habitantes.

Agora, para o professor, a ascensão econômica chinesa deverá mostrar o outro lado da moeda. O colapso iminente do setor de apartamentos de luxo fez nascer um monstro: há um excesso de imóveis que não conseguem encontrar compradores. “A economia da China está atingindo um grande muro”, sintetiza Aliber.

Na opinião de especialista, após 40 anos de expansão, economia chinesa agora está diante de um muro (Foto: Unsplash/Divulgação)

Se o futuro apontar que ele está certo, o milagre chinês pode estar à beira de entrar em uma espiral de longa decadência, ao mesmo tempo em que observadores advertem que a mais populosa nação do planeta está prestes a ultrapassar os Estados Unidos como a maior potência econômica global. Segundo um relatório da empresa de consultoria empresarial norte-americana McKinsey & Co. sobre a classificação global da riqueza, isso já é realidade.

Aliber cita o insucesso da Evergrande, empresa de financiamento imobiliário e gigante chinesa da construção civil. Para ele, o episódio da incorporadora mais endividada do mundo marca um ponto-chave. “Foi um evento previsível, não pelo nome, mas porque os promotores imobiliários que se expandiram mais rapidamente seriam os primeiros a cair quando os preços pararam de aumentar”, observa o economista.

O pessimismo do economista alerta para um desastre em cascata. Ele observa que, conforme os inventários de apartamentos não vendidos continuem inchando, os bancos exigirão que os construtores paguem seus empréstimos. “Essas construtoras deixarão de comprar terrenos brutos dos governos locais, causando uma queda acentuada em suas receitas. As vendas de todos os materiais que vão para a construção de apartamentos, do cimento ao vergalhão ao vidro, cairão…”. Com isso, o governo, prevê Aliber, “adotará um milhão de regulamentos para limitar as reduções de preços” e fornecerá salvamentos maciços para os financiadores.

O aumento vertiginoso dos preços dos apartamentos exerceu um poderoso efeito de riqueza nos consumidores chineses, que sentiram-se cada vez mais ricos e inclinados a gastar livremente em bens de consumo. Um verdadeiro símbolo da mais rápida ascensão na história mundial.

“O forte declínio do patrimônio familiar levará as famílias a reconstruir a riqueza, de modo que os gastos com automóveis e outros bens de consumo duráveis e com viagens diminuirão”, aposta Aliber.

Diante desse cenário, o economista prevê uma recessão que poderá se estender por até uma década no país, antevendo também que o crescimento do PIB dificilmente ultrapassará 2%. E o pior: em alguns anos, poderá se tornar negativo. Para Aliber, o balão chinês está mais cheio do que o que explodiu há 15 anos nos Estados Unidos. Se ele tiver razão, o mundo não deve demorar muito a ouvir o estalo.

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