China mantém Forças Armadas em ‘alerta máximo’ na região de fronteira com Mianmar

Beijing está atenta ao conflito entre rebeldes e militares na nação vizinha, que inclusive levou a uma explosão no território chinês

O aumento das hostilidade em Mianmar, palco de um conflito civil entre grupos rebeldes e as Forças Armadas, levou a China a colocar seu Exército de Libertação Popular (ELP) em alerta máximo na região de fronteira, segundo informações do jornal South China Morning Post.

“As tropas do Comando do Teatro Sul do ELP estão sempre prontas para lidar com diversas emergências e salvaguardar resolutamente a soberania nacional, a estabilidade fronteiriça, bem como a segurança das vidas e propriedades das pessoas”, disse um porta-voz militar chinês, coronel Tian Junl.

Embora Beijing e a junta militar birmanesa mantenham boa relação, o conflito em Mianmar respinga na China. Em janeiro, um projétil de artilharia chegou a explodir acidentalmente em uma cidade chinesa, deixando cinco pessoas feridas.

Exército chinês realiza exercício militar em agosto de 2021 (Foto: eng.chinamil.com.cn/)

O ataque de artilharia teria ocorrido por conta de um erro das Forças Armadas de Mianmar, que visavam grupos rebeldes próximos à fronteira chinesa. O acontecimento gerou uma forte reação do governo chinês, que pediu por um cessar-fogo imediato e pela proteção de seus cidadãos durante o confronto.

Desde o incidente, Beijing vem tratando o conflito do outro lado da fronteira como problemático. Desde terça-feira (2), o ELP vem realizando um “exercício conjunto de tiro real”, segundo comunicado publicado em seu site. “O exercício visa testar a mobilidade rápida, a destruição precisa, o bloqueio e controle tridimensional e as capacidades de ataque conjunto das tropas”, disse o porta-voz.

Parceria de ocasião

A relação entre Beijing e os militares que governam Mianmar é uma verdadeira montanha-russa. No início, o golpe de Estado não foi bem recebido na China, que negociava acordos comerciais com o governo eleito e perdeu financeiramente com a tomada de poder pela junta.

Mas o cenário mudou rapidamente. Para não se distanciar da nação vizinha, o governo chinês classificou a prisão da líder democrática Aung San Suu Kyi e de outros funcionários do governo, ação que decretou o golpe, como uma “remodelação de gabinete”, segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

A partir dali, Beijing e Naipidau foram se reaproximando, e um sinal evidente de colaboração entre os dois governos é o posicionamento chinês na ONU (Organização das Nações Unidas), invariavelmente vetando resoluções que condenem a brutalidade da junta militar contra opositores e a população civil.

A China é um também dos principais fornecedores de armas para a junta, desrespeitando um pedido de embargo global feito pela ONU para enfraquecer o regime. Há indícios de que os militares se equipam com armamentos chineses, tendo como fornecedores complementares Rússia e Paquistão.

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