A China estaria burlando sanções da ONU (Organização das Nações Unidas) e pescando de forma ilegal lulas nas águas norte-coreanas, segundo uma investigação da norte-americana NBC News. Em 2019, 800 embarcações do país foram detectadas por satélite.
Os barcos industriais chineses seriam responsáveis pelo declínio de mais de 70% do estoque de lulas na região. Sem conseguir mercadoria, embarcações menores da Coreia do Norte têm de se deslocar para águas mais afastadas.
Até agora, a presença chinesa na região não era conhecida. Os capitães são orientados a desligar os transponders, dispositivo de comunicação eletrônico, tornando-se invisíveis às autoridades em terra.
Desde a sanção, a Coreia do Norte tem pressionado o setor da pesca, o sexto maior exportador do país, enviando ex-soldados inexperientes ao mar. Em embarcações simples, os pescadores precisam ainda enfrentar a escassez de combustível.
Muitos desses barcos são encontrados meses depois no Japão, com a tripulação morta. No ano passado, mais de 150 embarcações “fantasma” foram resgatadas. Nos últimos cinco anos, foram 500.
Violação
A sanção das Nações Unidas foi imposta em 2017 em resposta aos testes nucleares realizados pela Coreia do Norte. O objetivo era punir o país com a proibição da venda de direitos de pesca em suas águas.
Em março, dois países fizeram denúncias anônimas à ONU e forneceram provas do crime. Entre elas, imagens de satélite de navios chineses e o testemunho de uma tripulação que afirma ter alertado o governo sobre os planos de pesca em águas norte-coreanas.
Membro do Conselho de Segurança da ONU, a China assinou a sanção apesar do acordo multimilionário de licença de pesca firmado com a Coreia do Norte em 2004.
À reportagem, as autoridades não negaram as violações. Afirmaram punir a pesca ilegal e aplicar “de forma consistente e consciente as resoluções” sob a Coreia do Norte.