O desabamento de um edifício de 30 andares em construção no centro de Bangkok, na última sexta-feira (28), causou comoção nacional e reacendeu debates sobre a segurança de obras tocadas por empresas chinesas na Tailândia. A tragédia ocorreu após um terremoto com epicentro em Mianmar, a centenas de quilômetros de distância. Ainda assim, apenas esse prédio foi ao chão, deixando pelo menos 15 mortos e dezenas de desaparecidos. as informações são do jornal The New York Times.
O prédio seria a futura sede de um órgão de auditoria estatal e estava sendo erguido por um consórcio que incluía a empresa estatal chinesa China Railway 10th Engineering Group. Funcionários e engenheiros envolvidos na obra relataram que os pilares do edifício eram mais estreitos que o habitual, e autoridades confirmaram o uso de aço de baixa qualidade — fornecido por uma siderúrgica tailandesa com capital chinês, que já havia sido fechada por irregularidades.

Entrevistas com trabalhadores que escaparam do colapso trouxeram novos detalhes sobre os bastidores da construção. “As colunas do terceiro andar, onde eu estava, não romperam. Elas desmoronaram porque o metal dentro foi esmagado”, contou Netiphong Phatthong, eletricista de 38 anos que continua no local à espera de notícias dos colegas desaparecidos.
A investigação oficial revelou que amostras do aço usado em dois tamanhos diferentes não passaram em testes de massa, composição química e resistência à pressão, conforme análise do Instituto do Ferro e do Aço da Tailândia. O material veio da Xin Ke Yuan Steel Co., empresa chinesa com sede na província tailandesa de Rayong. Após um acidente com vazamento de gás, a fábrica foi interditada em dezembro, e mais de 2,4 mil toneladas de aço foram apreendidas.
As suspeitas se ampliaram depois que quatro cidadãos chineses, que se apresentaram como subcontratados, foram flagrados removendo documentos do canteiro de obras um dia após o tremor. Alegaram que buscavam papéis para uma solicitação de seguro, mas foram detidos e liberados depois que a polícia apreendeu os materiais.
A primeira-ministra da Tailândia, Paetongtarn Shinawatra, afirmou que os contratos da China Railway 10th no país serão reavaliados. “Precisamos encontrar uma resposta”, disse ela na terça-feira (1º). “Temos que dizer ao povo e ao mundo o que aconteceu na Tailândia.”