Coreia do Norte é capaz de produzir dezenas de armas nucleares, segundo Seul

Coreia do Sul afirma que Pyongyang avança no desenvolvimento de mísseis mais potentes e precisos com para atacar a nação vizinha

A agência de inteligência de Seul informou nesta quinta-feira (26) que a Coreia do Norte provavelmente conseguiu enriquecer urânio suficiente para fabricar um número “na casa dos dois dígitos” de bombas nucleares. As informações são da Newsweek.

Uma reunião fechada do parlamento, conduzida pelo Serviço Nacional de Inteligência (NIS) sul-coreano, ocorreu após a mídia estatal de Pyongyang ter mostrado, em um comportamento raro, uma instalação secreta onde produz urânio para armas na primeira quinzena deste mês. A inteligência sul-coreana avaliou que a divulgação da instalação foi provavelmente uma provocação a Washington antes da eleição presidencial dos EUA, marcada para 5 de novembro.

Nesse cenário, o NIS informou que o rival país vizinho está progredindo no desenvolvimento de mísseis mais potentes e precisos para atacar a Coreia do Sul.

Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte (Foto: Divulgação/kcnawatch.org)

A mídia estatal norte-coreana não revelou a localização da instalação de enriquecimento de urânio visitada por Kim Jong-un em 13 de setembro. Porém, Park Sun-won, um parlamentar sul-coreano, sugeriu que ela provavelmente está em Kangson, próximo a Pyongyang. Além do complexo de Yongbyon, Kangson é um dos dois locais conhecidos por atividades de enriquecimento de urânio, e analistas acreditam que podem existir outros locais secretos na Coreia do Norte.

Espiões acreditam que a instalação está produzindo Urânio-235, essencial para reações nucleares. Em sua visita recente, Kim reiterou sua meta de aumentar “exponencialmente” o arsenal nuclear do país.

O NIS também acredita que a Coreia do Norte pode realizar um sétimo teste nuclear após as eleições nos EUA, conforme declarado por Lee Seong-kweun, membro do comitê parlamentar de inteligência.

A agência informou que a Coreia do Norte provavelmente tem cerca de 70 quilos de plutônio e uma quantidade significativa, mas não especificada, de urânio militar, o que seria suficiente para fabricar “pelo menos um número na casa dos dois dígitos” de armas.

A Coreia do Norte confirmou apenas a existência da usina de enriquecimento de urânio do Centro de Pesquisa Científica Nuclear de Yongbyon, situada a cerca de 96 quilômetros ao norte da capital. No entanto, analistas acreditam que o país possui outros locais secretos de enriquecimento de urânio, além de Yongbyon e da recém-revelada instalação em Kangson.

Desnuclearização “impossível”

No final do ano passado, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) disse ter detectado níveis crescentes de atividade em um reator nuclear do complexo de Yongbyon, na Coreia do Norte, indício de que o país trabalha para obter mais plutônio para armas nucleares.

Em comunicado, a AIEA disse que a movimentação em Yongbyon é “motivo de preocupação” e alertou que o desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano “é uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e é profundamente lamentável”.

Paralelamente, existe uma escalada de tensão na Península Coreana, motivada sobretudo pelos seguidos testes de mísseis feitos por Pyongyang, que levaram os EUA e seus aliados a realizarem manobras militares voltadas a intimidar o regime comunista e assim tentar conter sua beligerância.

Em dezembro, a ONU fez um alerta à Coreia do Norte após mais um lançamento. No caso, o país testou um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) do tipo Hwasong-18, que voou uma distância de cerca de mil quilômetros e atingiu uma altitude de 6,5 mil quilômetros antes de cair no mar.

Bruce Bennett, analista sênior de defesa do think tank RAND Corporation, diz que um processo diplomático voltado à desnuclearização norte-coreana é visto hoje em Washington como “impossível”. E concorda que a dissuasão parece ser a estratégia mais aceita pelas autoridades norte-americanas.

“Essa mudança não significa que os EUA e a Coreia do Sul abandonaram a tentativa de negociar a desnuclearização, o que a Coreia do Norte se recusa firmemente a fazer, mas sim que nossos governos não veem mais a desnuclearização como uma solução viável para a ameaça de armas nucleares da Coreia do Norte”, afirma Bennett.

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