A Coreia do Norte emitiu um novo alerta nuclear contra os Estados Unidos, interpretando suas atividades na Península Coreana como preparativos para um possível conflito. O comunicado, divulgado no domingo pelo Ministério das Relações Exteriores norte-coreano, foi uma reação aos exercícios militares conjuntos em andamento entre Washington e Seul. As informações são da Newsweek.
Nesta segunda-feira (19), os aliados iniciaram o exercício Ulchi Freedom Shield, que irá durar 11 dias e envolverá operações em terra, no ar e no mar por toda a Coreia do Sul. Este é o segundo grande exercício realizado anualmente pelos aliados.
O comunicado divulgado pela Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA, da sigla em inglês) diz que esses exercícios fazem parte de uma série de “movimentos de confronto precipitados” por parte dos EUA e da Coreia do Sul.
O comunicado acrescentou que os ativos militares estratégicos dos EUA, que chegaram à Península no início deste ano, representam uma “política de confronto nuclear contra [a Coreia do Norte]” e contradizem a alegação de Washington e Seul de que esses movimentos e exercícios são meramente defensivos. Entre esses ativos está o porta-aviões USS Theodore Roosevelt, que entrou em Busan pela primeira vez em junho para participar de exercícios navais trilaterais com a Coreia do Sul e o Japão.
Pyongyang afirmou que esses exercícios, que são descritos como defensivos, se assemelham ao comportamento histórico de nações que se preparam para um conflito. Além disso, acusou os dois países de estarem ensaiando uma “operação de decapitação” contra o regime de Kim Jong-un.
“Está claramente registrado na história mundial de guerras que, na preparação para uma guerra, os estados agressores seguiram uma série de procedimentos, incluindo a adoção de uma política de guerra e um plano de operação militar para sua execução, mobilização antecipada de forças, exercícios de guerra simulados e reais incessantes e provocações de guerra”, diz a declaração do ministério.
O regime norte-coreano, historicamente, tem utilizado a cooperação militar entre Coreia do Sul e EUA como pretexto para avançar seus programas nucleares e de mísseis.
O exercício deste ano combinará simulações por computador, que visam aumentar a prontidão contra ameaças como mísseis, interferências de GPS e ataques cibernéticos, com manobras de campo e exercícios de tiro real realizados simultaneamente.
Ameaça nuclear
A escalada de tensão na Península Coreana não é recente e em boa parte se deve aos seguidos testes de mísseis pela Coreia do Norte, que levaram os EUA e seus aliados a realizarem manobras militares voltadas a intimidar o regime comunista, para assim conter sua beligerância.
Em dezembro, a ONU (Organização das Nações Unidas) fez um alerta à Coreia do Norte após mais um lançamento. No caso, o país testou um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) do tipo Hwasong-18, que voou uma distância de cerca de mil quilômetros e atingiu uma altitude de 6,5 mil quilômetros antes de cair no mar.
Também no fim do ano passado, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) disse ter detectado níveis crescentes de atividade em um reator nuclear do complexo de Yongbyon, indício de que o país trabalha para obter mais plutônio para armas nucleares.
Em comunicado, a AIEA disse que a movimentação em Yongbyon é “motivo de preocupação” e alertou que o desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano “é uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e é profundamente lamentável.”