Coreia do Sul e EUA anunciam exercícios militares de olho na ameaça norte-coreana

Manobras acontecem na próxima semana e tendem a gerar uma resposta de Pyongyang, que interpreta o movimento como agressivo

Na próxima semana, Coreia do Sul e Estados Unidos começarão seus exercícios militares anuais, focados em fortalecer suas habilidades conjuntas para prevenir e se proteger das crescentes ameaças nucleares da Coreia do Norte, conforme informaram os aliados nesta segunda-feira (12). Os exercícios, chamados Ulchi Freedom Shield, acontecerão entre 19 e 29 de agosto. As informações são da rede ABC News.

Essas manobras provavelmente desencadearão uma forte resposta de Pyongyang, que as interpreta como um preparo para um possível ataque. O regime norte-coreano, historicamente, tem utilizado a cooperação militar entre Coreia do Sul e EUA como pretexto para avançar seus programas nucleares e de mísseis.

O exercício deste ano combinará simulações por computador, que visam aumentar a prontidão contra ameaças como mísseis, interferências de GPS e ataques cibernéticos, com manobras de campo e exercícios de tiro real realizados simultaneamente.

Fuzileiros navais sul-coreanos realizam exercícios com aeronave do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (Foto: WikiCommons)

Os aliados têm como objetivo principal “reforçar ainda mais sua capacidade e postura para dissuadir e se defender contra armas de destruição em massa”, conforme explicaram autoridades militares em uma coletiva de imprensa conjunta.

Lee Sung Joon, porta-voz do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, afirmou que aproximadamente 19 mil soldados sul-coreanos estarão envolvidos nos exercícios, que ele destacou como “fundamentais para manter uma postura de defesa robusta para proteger a República da Coreia” .

O coronel Ryan Donald, porta-voz das Forças dos EUA na Coreia, não especificou quantas tropas americanas estarão envolvidas nos exercícios e disse que não podia confirmar de imediato se recursos estratégicos dos EUA seriam utilizados. Recentemente, os Estados Unidos aumentaram a presença de bombardeiros de longo alcance, submarinos e porta-aviões na região, realizando treinamentos com as forças sul-coreanas e japonesas para mostrar força diante da Coreia do Norte.

“Este exercício refletirá ameaças realistas em todos os domínios, como as ameaças de mísseis da República Popular Democrática da Coreia, e aprenderemos com os conflitos armados recentes”, disse Donald.

Além dos exercícios militares com os Estados Unidos, os militares sul-coreanos também apoiarão exercícios de defesa civil e evacuação do país entre 19 e 22 de agosto, que incluirão simulações de ataques nucleares da Coreia do Norte, informou Lee.

A tensão na Península Coreana está elevada, com o líder norte-coreano Kim Jong-un aproveitando a guerra na Ucrânia para acelerar o desenvolvimento de armas e fazendo ameaças verbais de conflito nuclear contra Washington e Seul.

Em resposta, Coreia do Sul, EUA e Japão expandiram seus exercícios militares conjuntos e melhoraram suas estratégias de dissuasão nuclear com recursos estratégicos dos EUA. No ano passado, durante os Ulchi Freedom Shield, a Coreia do Norte testou mísseis balísticos como simulações de ataques nucleares contra a Coreia do Sul.

Ameaça nuclear

A escalada de tensão na Península Coreana não é recente e em boa parte se deve aos seguidos testes de mísseis pela Coreia do Norte, que levaram os EUA e seus aliados a realizarem manobras militares voltadas a intimidar o regime comunista, para assim conter sua beligerância.

Em dezembro, a ONU (Organização das Nações Unidas) fez um alerta à Coreia do Norte após mais um lançamento. No caso, o país testou um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) do tipo Hwasong-18, que voou uma distância de cerca de mil quilômetros e atingiu uma altitude de 6,5 mil quilômetros antes de cair no mar.

Também no fim do ano passado, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) disse ter detectado níveis crescentes de atividade em um reator nuclear do complexo de Yongbyon, indício de que o país trabalha para obter mais plutônio para armas nucleares.

Em comunicado, a AIEA disse que a movimentação em Yongbyon é “motivo de preocupação” e alertou que o desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano “é uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e é profundamente lamentável.”

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