Desertor deixou a Coreia do Sul e fez rara travessia de fronteira de volta ao Norte

Expatriado seria um ginasta aposentado que trabalhava como faxineiro na Coreia do Sul e teria sido motivado a voltar por estar enfrentando dificuldades financeiras

Um cidadão norte-coreano que atravessou a linha divisória com aa Coreia do Sul rumo ao seu país natal, na virada de ano, seria o mesmo desertor que já havia conseguido fazer a travessia inversa pela fronteira fortemente vigiada no final de 2020. Ele teria retornado ao Norte por não conseguir se adaptar à realidade competitiva do país vizinho. As informações são da agência Associated Press (AP).

O sistema sul-coreano de controle detectou uma pessoa não identificada rastejando na parte leste da faixa que divide os países no sábado (1). De acordo com os militares, as câmeras registraram o homem atravessando uma cerca de arame farpado ao longo da fronteira. Nesta segunda-feira (3), um comunicado emitido pelo Ministério da Defesa afirmou que está tentando confirmar a travessia com base nas informações levantadas.

Sob condição de anonimato, um funcionário do órgão governamental disse que a declaração tem relação com um cidadão norte-coreano capturado ao sul da fronteira em novembro de 2020. À época, ele se identificou às autoridades como um ex-ginasta e disse que fez a passagem após rastejar sob cercas de arame farpado antes de ser encontrado por tropas sul-coreanas.

Um sentinela sul-coreano próximo à zona desmilitarizada (Foto: WikiCommons)

Um dispositivo de observação térmica sul-coreano detectou quatro indivíduos ao norte dos limites territoriais após a travessia da fronteira no sábado, acrescentou a fonte. Isso pode significar que três soldados norte-coreanos foram até o local para retirar o atravessador. Não se sabe o destino da pessoa após isso.

Seul solicitou a Pyongyang para que fosse garantida a segurança da pessoa através de um canal de comunicação de linha direta militar. Os norte-coreanos disseram ter recebido as mensagens dos vizinhos, mas não deram detalhes sobre o cruzamento da fronteira.

Matérias da imprensa sul-coreana dão conta de que o ex-ginasta trabalhava como faxineiro na Coreia do Sul e enfrentava dificuldades financeiras. O Ministério da Defesa se recusou a confirmar os relatos, mas disse que uma investigação inicial mostrou que ele não estava envolvido em espionagem ou outras atividades suspeitas no país. A pasta não fez especulações sobre quais teriam sido as motivações para o retorno ao Norte.

De acordo com estatísticas oficiais do governo sul-coreano, desde meados dos anos 1990, aproximadamente 34 mil cidadãos da Coreia do Norte fugiram para os vizinhos sulistas motivados por questões econômicas e políticas. Desse número, apenas 30 voltaram para casa na última década.

Analista internacionais observam que esses repatriados provavelmente tiveram dificuldades em se ajustar à nova vida altamente competitiva e capitalista na Coreia do Sul, adquiriram grandes dívidas ou foram chantageados por agentes norte-coreanos que ameaçaram prejudicar seus entes queridos se eles não voltassem.

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