Equador suspende isenção de visto para migrantes chineses em rota de fuga para os EUA

A medida introduz um novo obstáculo, não necessariamente insuperável, para quem sai da China rumo ao território norte-americano

As autoridades equatorianas suspenderam temporariamente a isenção de visto para cidadãos chineses a partir de 1º de julho, devido ao aumento no número de chegadas. Aproximadamente metade desses imigrantes ultrapassa o prazo de permanência permitido ou deixa o país por “rotas irregulares”, tornando-se vulneráveis ao tráfico humano. As informações são da rede Radio Free Asia.

O Ministério das Relações Exteriores e Mobilidade Humana do Equador tomou a decisão baseado em um aumento incomum nos fluxos migratórios irregulares, com muitos usando o país como ponto de partida para outros destinos.

O Equador é frequentemente visto como o ponto de partida para a longa jornada terrestre que imigrantes chineses fazem para alcançar os Estados Unidos, conhecida como “zou Xian” ou “rota a pé”. Em 2023, o país sul-americano registrou a entrada de mais de 48 mil cidadãos chineses, resultando em uma diferença de mais de 24 mil pessoas que permaneceram no país.

Imagem aérea de Quito, capital do Equador (Foto: WikiCommons)

A medida, anunciada antes do Dia Mundial do Refugiado, celebrado nesta quinta-feira (20), é um golpe significativo para o movimento “run” — um termo popular que descreve o êxodo em massa de chineses após o término das restrições da pandemia no final de 2022.

Esse termo ganhou destaque durante os rigorosos lockdowns, confinamentos em massa em campos de quarentena e testes obrigatórios sob a política de Zero Covid de Xi Jinping. A política foi abruptamente encerrada após protestos nacionais em dezembro de 2022.

O número de cidadãos chineses que atravessaram ilegalmente o México para os Estados Unidos aumentou dez vezes em 2023 em comparação com os anos anteriores à pandemia. Embora o número exato seja incerto, mais de 37 mil foram detidos na fronteira no ano passado, de acordo com a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA. Muitos chineses estão buscando escapar de uma economia em deterioração e de um governo autocrático.

Os migrantes frequentemente voam de Hong Kong para Istambul e depois para Quito. Devido à ausência de exigência de vistos pelo Equador, muitos puderam planejar suas próprias viagens e economizar dinheiro, evitando assim pagar traficantes de pessoas conhecidos como “coiotes” para organizar a viagem completa até os EUA.

Washington registrou um aumento significativo no número de cidadãos chineses buscando asilo político no ano passado. Em 2023, mais de 37 mil deles foram detidos na fronteira sul dos EUA, um aumento de 10 vezes em relação ao ano anterior.

Embora tenha havido uma leve queda nos primeiros três meses de 2024, os números se recuperaram, alcançando 3.282 em abril, conforme relatado pelas estatísticas do governo dos EUA.

Beijing condena o esquema migratório. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, informou aos repórteres na terça-feira (18) que o governo se opõe ao tráfico de pessoas e tem tomado medidas rigorosas contra todos os grupos e indivíduos envolvidos na imigração ilegal.

Lin destacou que o governo está colaborando com outros países para combater essa prática, repatriar imigrantes ilegais e garantir a ordem adequada nas viagens transfronteiriças.

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