Rodrigo Duterte, ex-presidente das Filipinas, fez uma viagem não anunciada a Hong Kong no domingo (9), provocando especulações sobre a possibilidade de estar tentando evitar um possível mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) devido à violenta repressão às drogas durante seu governo. As informações são da agência Associated Press (AP).
Duterte, que se encontra em uma situação de saúde delicada aos 79 anos, participou de um comício com sua filha, Sara Duterte, atual vice-presidente, no qual ambos se manifestaram em apoio aos candidatos de seu partido para as eleições de maio de 2025.
Em um discurso recheado de palavrões, Duterte tocou diretamente no tema da investigação do TPI sobre os assassinatos ocorridos durante sua campanha contra as drogas, que resultaram em milhares de mortos, a maioria das vítimas suspeitas de envolvimento com tráfico de drogas.
O ex-presidente afirmou que está pronto para enfrentar as consequências de sua gestão, incluindo um possível encarceramento. “O que foi o meu pecado?”, questionou Duterte, adicionando: “Fiz tudo para que os filipinos tivessem um pouco de paz e tranquilidade.”

Embora negue ter autorizado assassinatos extrajudiciais, o ex-presidente nunca escondeu suas ameaças de morte contra traficantes durante seu mandato, entre 2016 e 2022. Em tom irônico, pediu à plateia que fizesse pequenas contribuições para a construção de um monumento em sua homenagem, sugerindo que a estátua o retratasse segurando uma arma.
A viagem a Hong Kong não passou despercebida pelas autoridades filipinas. Fontes de alto escalão indicaram que Duterte deveria retornar a Manila na terça-feira (11), mas a possibilidade de estender sua estadia permanece em aberto. O governo filipino afirmou estar preparado para lidar com qualquer eventualidade, caso o TPI emita um mandado de prisão contra o ex-presidente.
A segurança na cidade de Davao, onde Duterte tem fortes raízes políticas, foi reforçada com a implementação de novos pontos de controle e patrulhamento intensificado nos aeroportos, uma medida que as autoridades disseram ser uma preparação para qualquer imprevisto relacionado ao caso.
O TPI, com sede em Haia, continua com a jurisdição sobre os crimes cometidos enquanto as Filipinas ainda eram signatárias do Tratado de Roma, apesar da retirada formal do país em 2019. A corte internacional atua quando um país não tem condições ou disposição de processar crimes graves em seu território, como genocídios e crimes contra a humanidade.