Gripe aviária reaparece no Camboja e mata uma criança, alerta agência de saúde da ONU

Autoridades relataram dois casos da doença, com a morte de uma menina de 11 anos, segundo a agência de saúde da ONU

As autoridades do Camboja relataram dois casos de gripe aviária, incluindo uma menina de 11 anos que morreu do vírus, informou a agência de saúde da ONU no domingo (26).

Estes são os primeiros casos de gripe aviária, conhecida como H5N1, relatados no Camboja desde um surto generalizado em 2014 , informou a Organização Mundial da Saúde (OMS). A infecção, que afeta principalmente animais, tem uma taxa de mortalidade de 50% em humanos.

“A situação global do H5N1 é preocupante, dada a ampla disseminação do vírus em aves em todo o mundo”, disse Sylvie Briand, diretora de preparação e prevenção de epidemias e pandemias da agência de saúde da ONU. “Estamos em estreita comunicação com as autoridades do Camboja para entender mais sobre o surto.”

Como o vírus continua a ser detectado em populações de aves, outros casos humanos podem ser esperados, disse a OMS. Quase todos os casos de infecção por H5N1 em pessoas foram associados ao contato próximo com aves vivas ou mortas infectadas ou ambientes contaminados.

“A OMS leva a sério o risco desse vírus e pediu maior vigilância em todos os países”, disse ela.

De 2003 a 25 de fevereiro de 2023, um total de 873 casos humanos de H5N1 e 458 mortes foram relatados globalmente em 21 países.

No entanto, com base nas informações atuais, a OMS desaconselha a aplicação de quaisquer restrições de viagens ou comércio. Até o momento, as evidências mostram que o vírus não infecta humanos facilmente e a transmissão de pessoa para pessoa parece ser incomum.

Gripe aviária afeta sobretudo animais e tem mortalidade de 50% em humanos. (Foto: WikiCommons)
Investigações iniciadas

No Camboja, uma investigação conjunta de saúde animal-humana já está em andamento na província de Prey Veng, onde o caso foi relatado. Destina-se a identificar a fonte e o modo de transmissão.

Enquanto isso, uma resposta governamental de alto nível está trabalhando para conter qualquer propagação adicional do vírus, e uma investigação de surto visa a determinar a exposição dos dois casos relatados ao vírus, disse a OMS.

As autoridades de saúde do Camboja notificaram a OMS na quinta-feira (23) sobre o primeiro caso e a morte. Uma jovem contraiu gripe aviária e morreu na quarta-feira (22). Na sexta-feira (24), eles relataram o segundo caso, observando que um dos familiares da menina havia testado positivo para o vírus, mas era assintomático.

Sistema de resposta global

Por meio de seu Sistema Global de Vigilância e Resposta à Influenza, a agência de saúde da ONU monitora a evolução do vírus e realiza avaliações de risco. Para fins de preparação para pandemias, a OMS também pode recomendar o desenvolvimento de novos vírus candidatos a vacinas.

A agência destacou a importância da vigilância global para detectar e monitorar mudanças virológicas, epidemiológicas e clínicas associadas a vírus emergentes ou circulantes que podem afetar a saúde humana ou animal.

Atualmente, não há vacina amplamente disponível para proteger contra a gripe aviária em humanos. A OMS recomenda que todas as pessoas envolvidas no trabalho com aves domésticas ou aves sejam vacinadas contra a gripe sazonal para reduzir os riscos potenciais.

Surtos passados

Quase uma década atrás, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) emitiu um alerta urgente sobre um surto no Sudeste Asiático de uma cepa de gripe aviária chamada H5N6.

Em 2015, a FAO novamente alertou sobre um surto perigoso da cepa H5N1 altamente virulenta, que se espalhou para cinco países da África Ocidental em seis meses. A agência apelou por US $ 20 milhões em fundos de emergência “para detê-lo em suas trilhas” antes que afetasse os seres humanos.

Na época, a FAO disse que a cepa H5N1 causou a morte de dezenas de milhões de aves e perdas de dezenas de bilhões de dólares.

Desde então, a agência tem trabalhado para melhorar os sistemas veterinários e as capacidades dos laboratórios locais. Até 2018, a FAO treinou 4,7 mil veterinários, que trabalharam para proteger animais de fazenda contra vírus mortais em 25 países da África, Ásia e Oriente Médio.

No Camboja, um surto de H5N1 em 2003 afetou, pela primeira vez, aves selvagens. Desde então, e até 2014, casos humanos devido à transmissão de aves para humanos foram relatados esporadicamente no país.

A partir de 25 de fevereiro, o Camboja relatou um total de 58 casos de infecção humana com o vírus H5N1 desde 2003, incluindo 38 mortes.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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