Mercado asiático de defesa explode ante à expectativa de compras de armas pela Europa

Hesitação dos EUA e consequente aumento nos gastos militares europeus impulsiona valorização das ações de empresas asiáticas

As indústrias de defesa do Japão e da Coreia do Sul vivenciam um crescimento sem precedentes em seus valores de mercado, impulsionadas pela perspectiva de aumento nas aquisições militares por países europeus. Esse fenômeno ocorre em meio a ameaças do presidente americano Donald Trump de reduzir o apoio militar aos aliados europeus, que paralelamente ampliam o alerta para a ameaça russa. As informações são do jornal Financial Times.

Recentemente, após legisladores alemães concordarem em ampliar os investimentos em defesa e infraestrutura, as ações de empresas asiáticas tiveram um aumento significativo. A sul-coreana Hanwha Aerospace, por exemplo, viu seu valor de mercado explodir 131%, enquanto a japonesa Mitsubishi Heavy Industries registrou alta de 28%.

Ao adicionar 500 bilhões de euros a seu orçamento militar, a Alemanha evidenciou o “sentimento muito forte em torno de defesa” por parte das nações europeias, de acordo com a analista Wendy Pan, do grupo financeiro Macquarie.

Japão vem se tornando uma das maiores potências bélicas do mundo (Foto: DVIDS/Divulgação)

A Europa, pressionada por Trump para elevar seus gastos com defesa a 5% do PIB (produto interno bruto), enfrenta dificuldades para expandir a produção rapidamente, afetada pela redução das capacidades de fabricação que se seguiu ao colapso da União Soviética. Em contrapartida, nações asiáticas como a Coreia do Sul mantiveram suas capacidades de produção, devido à constante ameaça da Coreia do Norte.

Este fator coloca a Coreia do Sul como um exportador de defesa de top-10 desde o início do conflito na Ucrânia, desencadeado pela invasão russa de 24 de fevereiro de 2022. “As economias de escala são completamente diferentes”, explica Eon Hwang, vice-presidente da Nomura, destacando a vantagem das cadeias de suprimentos militares sul-coreanas.

No Japão, apesar de uma experiência comercial limitada devido à constituição pacifista do país pós-guerra, a situação está mudando. Com a revogação da proibição de exportações de armas em 2014 e a subsequente flexibilização das normas em 2023, empresas como IHI e Kawasaki Heavy Industries viram suas ações aumentarem 22,3% e 32,6%, respectivamente.

Essas empresas estão se posicionando para atender à crescente demanda por hardware de defesa de nações estrangeiras. “Não acho que a atual indústria de defesa da Alemanha tenha capacidade suficiente para suportar esse desenvolvimento sem expandir sua capacidade de produção ou depender da colaboração com outros países, como o Japão”, avalia Pan.

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