Na Indonésia, pobreza gera aumento de casamentos de crianças e adolescentes

Lei que aumentou idade para casamento para 19 anos não é cumprida; meninas param de estudar no 5° ano

Os altos índices de pobreza da Indonésia têm ocasionado um aumento de casamentos de crianças e adolescentes, informou a agência de notícias AFP nesta terça (1).

No ano passado, uma lei aumentou a idade legal de autorização ao matrimônio de 16 para 19 anos. O objetivo era reduzir as taxas de casamento de menores no país, que são as maiores do mundo, informou a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

A população, no entanto, não cumpre a legislação. Os casamentos são vistos como uma saída para a pobreza no país.

“Para as famílias pobres, ter as filhas casadas é uma solução para reduzir o seu fardo econômico. Os pais não se importam com quem serão os noivos, se jovens ou velhos”, disse o ativista Tata Sudrajat.

Na Indonésia, pobreza força aumento de casamentos de crianças e adolescentes
Adolescente é flagrada com seu filho na pequena cidade de Berastagi, no estado de Sumatra, na Indonésia, em abril de 2011 (Foto: Flickr/Indogirl)

Educação de lado

Segundo Sudrajat, é comum que as meninas, ao completarem o ensino primário [5º ano], sejam forçadas a casar. A maioria delas é tomada à força por homens mais velhos.

Uma das entrevistadas, Laura, conseguiu chegar até o terceiro ano do Ensino Médio, mas a família a obrigou a casar aos 15 anos.

“Conheci meu marido quando ele foi me visitar em minha casa, pouco antes do casamento”, relatou Laura à reportagem. “Eu tinha o sonho de ser uma mulher bem sucedida, mas essa é quem sou agora.”

Com a desigualdade acentuada na Indonésia, as famílias forçam as adolescentes a casarem-se com o primeiro homem que lhes pedir a mão, afirmou Sudrajat. “As famílias temem que, se ela o rejeitar, outros homens hesitem em pedir a sua mão”, disse ele.

Entre os efeitos da pandemia, o governo da Indonésia teme que o país de 270 milhões de habitantes viva uma explosão de nascimentos.

O motivo seria o fechamento das escolas e a redução do acesso a anticoncepcionais, já que os centros de acolhida às mulheres têm sido fechados como medida de contenção do novo coronavírus.

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