Com o investimento correto, o casamento infantil e a mutilação genital feminina podem acabar em dez anos, aponta um relatório da Unfpa (Fundo de População das Nações Unidas), divulgado na última segunda (29).
A estimativa da agência é que tanto para as duas práticas – incluindo o fim da mutilação genital infantil, praticada ainda em 68 países – é necessário um investimento de US$ 70 bilhões.
O relatório faz menção ainda a outras práticas considerada nocivas para mulheres e meninas. Entre elas, achatamento dos seios com objetos quentes, infanticídio e incesto.

Riscos
Chamada também de circuncisão feminina, a mutilação envolve a remoção parcial ou total da genitália feminina externa, sem um motivo médico.
Estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que mais de 200 milhões de meninas e mulheres vivas hoje sofreram a mutilação em 30 países da África, Oriente Médio e Ásia. Só neste ano, a prática irá afetar 4,1 milhões de meninas.
Implicações imediatas da mutilação incluem dor severa, infecções, hemorragia, febre. A longo prazo, as complicações levam a problemas urinários e menstruais, complicações no parto, entre outros. A prática pode levar ainda à morte.
Já o casamento infantil, em muitos casos, resulta no abandono escolar. Também tem como consequência uma gravidez antes que o corpo da menina esteja pronto, levando a uma série de riscos para ela e o bebê.
O relatório aponta ainda que meninas que casam cedo estão mais propensas a perpetuar esse papel de gênero, que será transmitido aos filhos.
A Unfpa estima que, todos os dias, o casamento forçado prejudica a vida de 33 mil meninas menores de 18 anos.
Pandemia
Apesar dos progressos para por fim às práticas nocivas, a pandemia do novo coronavírus ameaça ser um revés para os ganhos obtidos.
Se programas e serviços permanecerem fechados por seis meses, a ONU estima que 13 milhões de meninas podem ser forçadas a se casar até 2030 e dois milhões serão submetidas à mutilação genital.